Grivko, 30 anos, nascido em Simferopol e originário da Crimeia, território que decidiu a 11 de março, por referendo, pertencer à Rússia, tem seguido de perto as notícias e os problemas políticos e sociais da Ucrânia apesar de pedalar no Tour pela equipa da Astana.
A última delas, ocorreu na quinta-feira, com o abate de um avião da Malaysia Airlines que sobrevoava a Ucrânia e causou 298 mortos.
A situação ainda não está totalmente esclarecida, mas Grivsko considerou, em entrevista ao jornal desportivo francês L´Equipe, que a "tragédia não se limita ao conflito entre Rússia e Ucrânia, sendo um problema do mundo inteiro e particularmente da Europa", acrescentando que com este "ato terrorista a Rússia tenta culpar e manchar o nome da Ucrânia".
Grivko participa no Tour com a mente na Ucrânia, já que ali tem a sua família. O pai e a irmão residem em Simferopol.
"É difícil concentrar-me na bicileta, sabendo que a minha família está ali", desabafou.
O ciclista, que trabalha para o líder do Tour, Vincenzo Nibali, observou que quando o presidente ucraniano Viktor Ianukovich foi para a Rússia após os acontecimentos de fevereiro na Praça Maidan, em Kiev, "teve medo porque sabia que Moscovo ia tentar recuperar o poder sobre a Ucrânia", mas que nunca imaginou o que iria acontecer à Crimeia.
"A minha irmã quer recusar o passaporte russo que lhe querem impor. Vivo uma situação de cólera, pois tenho a sensação que nos querem tirar de casa. A ditadura russa instala-se enquanto estou no Tour", comentou.
Grivko classificou o referendo de 11 de março como uma "paródia", pois muita gente não pode ir votar porque as estradas estavam cortadas. "Crimeia e Ucrânia estão ligadas à Europa e não à Russia", opinou.
O ciclista ucraniano tem falado com o assunto com outros ciclistas, incluindo russos que também pedalam no Tour.
"Os ciclistas russos conhecem a minha opinião e sabem que sou um patriota ucraniano. Não os critico, porque eles não são responsáveis, mas sim o governo. Perguntam-me se tenho passaporte russo, mas não lhes respondo", contou.
A paixão de Grivko pelo ciclismo foi-lhe incutida pelo pai, que correu pela equipa da antida URSS. "Foi ele que me disse para deixar o meu país para me formar em Itália", recordou.
"Tinha 8 anos quando desapareceu a URSS. As pessoas acreditaram que iam conhecer a liberdade, mas mentiram-nos. Nada mudou em 20 anos", concluiu.
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