Chris Froome lançou hoje um sério aviso à liderança de Alberto Contador na Volta a Espanha em bicicleta, ao ser segundo no alto de Monte Castrove, conquistado por Fabio Aru, e ao recortar diferenças para o espanhol.

O britânico da Sky surpreendeu a armada espanhola, composta pelo camisola vermelha Contador (Tinkoff-Saxo), pelo ex-segundo da geral Alejandro Valverde (Movistar) e por Joaquim Rodriguez (Katusha), acelerando a 2,4 quilómetros de Monte Castrove, para se juntar a Aru, que seguia isolado, com os dois a pedalarem em duo até à meta da 18.ª etapa, onde o italiano da Astana se impôs ao sprint.

Em crescendo nesta parte final da Vuelta, Froome ganhou 13 segundos na estrada aos três espanhóis, mais seis de bonificação, e assumiu o segundo lugar da geral, por troca com Valverde, estando agora a 01.19 minutos de Contador, quando faltam duas etapas de montanha e o contrarrelógio final de Santiago de Compostela.

A ameaça do vencedor do Tour2013 é agora real para o líder da Tinkoff-Saxo, que hoje revelou, pela primeira vez, debilidades, sendo quinto na etapa, atrás de Valverde e Rodriguez, com os três, acompanhados pelo compatriota Samuel Sanchez (BMC), a demorarem mais 13 segundos a cumprir os 157 quilómetros desde A Estrada do que o duo da frente (3:47.17 horas).

Depois de uma longa fuga, formada apenas aos 47 quilómetros pelo persistente Johan Le Bon (FDJ), o seu compatriota francês Hubert Dupont (AG2R-La Mondiale) e pelo dono da camisola da montanha, Luis Leon Sanchez (Caja Rural) – está cada vez mais perto da vitória virtual -, e anulada pelo esforço conjunto da Tinkoff-Saxo e da Sky, coube aos homens da geral assumirem o protagonismo.

A 7,5 quilómetros da contagem de segunda categoria de Pontevedra, Christophe Le Mevel (Cofidis) foi responsável pela primeira mexida, que obrigou Valverde e Froome, apanhados desprevenidos, a esforço suplementar para acompanhar o grupo de Contador.

Aí, a Katusha, comandada desde o carro pelo português José Azevedo, esticou o grupo de favoritos, mas, na tentativa de fazer Rodriguez subir ao pódio, não conseguiu fazer descolar Contador. Com os quatro primeiros da geral a marcarem-se, foi mais uma vez Aru a tomar a iniciativa.

Com 3,8 quilómetros para percorrer, o italiano ficou sozinho na liderança da corrida, já depois de ultrapassar Jerome Coppel (Cofidis), que entretanto tinha escapado do grupo. Lá atrás, Rodriguez atacava e levava os três homens que o precedem na geral consigo.

Enquanto os quatro recuperavam o folego (as palavras são de Contador), Froome foi-se embora.

"A responsabilidade [da perseguição] era de Alejandro", acusou o camisola vermelha, em mais um capítulo do conflito cada vez mais óbvio entre os dois.

De acordo com o líder da geral, devia ter sido Valverde a responder para defender o seu segundo lugar, até porque, na opinião de El Pistolero, o ciclista da Movistar estava "muito bem".

Mas Valverde não respondeu e, só depois de algum desentendimento, é que os espanhóis se uniram para minimizar os efeitos do ataque de Froome, que na meta via Aru ser mais forte para conquistar a sua segunda vitória nesta Vuelta. "É incrível, estou contentíssimo", disse o terceiro classificado do Giro2014.

Com Sérgio Paulinho a ser 46.º, a 08.11 minutos do vencedor, depois de ter trabalhado para o líder Contador, André Cardoso (Garmin-Sharp) voltou a ser o melhor português, na 36.ª posição, a 04.53 minutos. O trepador português subiu três lugares na geral, sendo agora 27.º a 57.32 minutos, enquanto Paulinho é 59.º a mais de duas horas.

Na sexta-feira, novo teste à liderança de Contador, nos 180 quilómetros entre Salvaterra do Miño e Cangas do Morrazo, que incluem duas contagens de primeira categoria.