O médico espanhol Marcos Maynar reconheceu hoje ter recomendado o uso de Actovegin ao ciclista colombiano Miguel Ángel López, mas lembrou que a substância, conhecida como a ‘EPO dos pobres’, não é proibida pela Agência Mundial Antidopagem.
Em declarações à agência noticiosa espanhola EFE, antes de depor diante do tribunal em Cáceres, o polémico antigo médico da equipa de ciclismo portuguesa LA-MSS, novamente investigado por tráfico ilegal de medicamentos para dopagem de desportistas, declarou-se inocente.
“Já me vi nestas circunstâncias e acredito profundamente na justiça. Se cometi algum erro do qual não fui consciente, terei que pagar por ele, mas creio que não cometemos nenhum”, começou por dizer.
Maynar admitiu que deu apoio nutricional “e nada mais” a Miguel Ángel López, tendo recomendado ao ciclista colombiano, assim como a outros desportistas, o uso de Actovegin, um fármaco biológico injetável, constituído por extrato de soro de animal (vitelo) ultra-filtrado e conhecido como a ‘EPO dos pobres’.
“Não é uma substância que esteja nas listas do doping, por isso não é doping”, alegou, indicando que o Actovegin faz com que “o músculo cardíaco sofra menos durante o esforço”.
O também professor da Universidade da Extremadura prosseguiu a defesa de López, que figura como testemunha no processo que tem seis arguidos, incluindo o ex-diretor desportivo Vicente Belda e o seu filho Vicente Belda García, ex-massagista da Astana, equipa que o colombiano representava.
“É um pobre rapaz, uma vítima da situação”, sustentou.
Miguel Ángel López foi despedido pela Astana em dezembro, com os cazaques a alegarem ter descoberto “novos elementos que mostram uma provável ligação” do ciclista com Maynar, o que violava o regulamento interno daquela formação.
O ciclista de 28 anos chegou a estar suspenso pela equipa durante a temporada passada, na sequência das notícias sobre o seu envolvimento no caso, mas acabou por ser reintegrado e ainda esteve presente na Volta a Espanha, terminando no quarto lugar da geral.
‘Superman’ López já concluiu a Volta a Espanha e a Volta a Itália no pódio, ambas com um terceiro lugar em 2018, e foi sexto na Volta a França de 2020, mas viu as equipas do WorldTour fecharem-lhe a porta, tendo assinado pela Medellín-EPM, uma formação do seu país que compete no terceiro escalão do ciclismo mundial.
Em maio, a Guardia Civil deteve em Cáceres Marcos Maynar, antigo médico da equipa de ciclismo portuguesa LA-MSS, por um alegado delito de tráfico ilegal de medicamentos, tendo-lhe sido imputados um crime contra a saúde pública e outro de tráfico ilegal de medicamentos.
Maynar, atualmente professor da Universidade da Extremadura, já foi detido em 2004 numa operação contra o tráfico de substâncias dopantes nos ginásios.
Cinco anos depois, foi suspenso por 10 anos pela Federação Portuguesa de Ciclismo “por, durante a época desportiva de 2008, ter prescrito e/ou fornecido substâncias proibidas e mascarantes a alguns ciclistas” da LA-MSS.
Em 2015, o médico foi um dos seis acusados num alegado caso de dopagem a remadores do clube de Urdaibai, tendo sido absolvido no julgamento.
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