
Mathieu van der Poel conquistou hoje pelo terceiro ano consecutivo o Paris-Roubaix, empatando em número de ‘Monumentos’ com Tadej Pogacar, que caiu quando seguia isolado com o ciclista neerlandês da Alpecin-Deceuninck e foi segundo.
Uma queda decidiu hoje o vencedor da ‘clássica das clássicas’, com ‘MVDP’ a cortar em solitário a meta no final dos 259,2 quilómetros entre Compiègne e o velódromo de Roubaix, após 05:31.27 horas, deixando o ciclista da UAE Emirates, que saiu em frente numa curva a 38 quilómetros do final, a 01.18 minutos.
Van der Poel igualou assim os oito ‘Monumentos’ de ‘Pogi’, uma semana depois de ter perdido para o esloveno na Volta a Flandres e menos de um mês após ter vencido a Milão-Sanremo, e entrou na galeria dos ciclistas que ganharam três vezes seguidas o ‘Inferno do Norte’, igualando Francesco Moser (1978-1980) e Octave Lapize (1909-1911).
“[Esta vitória] significa muito para mim. É uma corrida tão dura, estava mesmo a sofrer. É pena que o Tadej tenha tido aquele erro, mas eu tinha de seguir”, declarou o vencedor na ‘flash-interview’, elogiando o “talento excecional” de Pogacar.
O pódio da Paris-Roubaix foi completado por outro antigo campeão do mundo, o dinamarquês Mads Pedersen (Lidl-Trek), que tinha sido segundo há uma semana na Volta a Flandres e hoje voltou a ‘condenar’ Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) a um ingrato quarto lugar – os dois chegaram, juntamente com Florian Vermeersch (UAE Emirates), a 02.11 minutos.
O ‘Inferno do Norte’ foi aquilo que todos esperavam e até mais, com as incidências da corrida a começarem muito antes da meta: a 170 quilómetros do final, quando ainda sobrevivia a incipiente fuga do dia, o sempre azarado Van Aert caiu e teve de ser ‘rebocado’ pelos seus colegas para conseguir chegar ao pelotão a tempo da entrada no primeiro dos 30 setores de ‘pavé’.
Nem 10 quilómetros mais à frente caíram Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck) e Jasper Stuyven (Lidl-Trek), outros dois candidatos ao triunfo, antecipando uma sucessão frenética de incidentes, como o furo de Filippo Ganna (INEOS), ou o ‘corte’ que deixou ‘WVA’ novamente atrasado.
O ritmo demasiado elevado nessa fase precoce levou o pelotão a ‘levantar o pé’ para aguardar pelos acidentados e poupar forças para o que estava para vir, permitindo que o belga da Visma-Lease a Bike reentrasse, assim como Philipsen e Ganna, que, contudo, demoraram largas dezenas de quilómetros a consegui-lo.
A mais de 100 quilómetros da meta, Pedersen acelerou e viu ‘Pogi’ ripostar uma primeira vez, apenas para testar as pernas de Van der Poel.
Mas seria em Arenberg, talvez o mais famoso setor de empedrado da ‘clássica das clássicas’, que a verdadeira seleção começaria a ser feita: ‘endiabrados’, os vencedores dos dois primeiros ‘Monumentos’ da temporada foram atacando à vez para eliminar Van Aert e também o italiano da INEOS.
Derrotado há uma semana na Volta a Flandres, o neerlandês da Alpecin-Deceuninck estava sedento de ‘vingança’ e dinamitou a corrida a 93 quilómetros do velódromo de Roubaix, ficando na frente apenas na companhia do colega Philipsen, de Pogacar, Pedersen e Stefan Bissegger (Decathlon AG2R La Mondiale).
Quando o campeão mundial de fundo atacou a 70 quilómetros da meta, o dinamarquês da Lidl-Trek furou e perdeu definitivamente o contacto, e apenas os dois homens da Alpecin-Deceuninck conseguiram seguir o esloveno.
O trio colaborou até ao setor de Mons-en-Pévèle, escolhido por Van der Poel para acelerar. No entanto, o neerlandês acabou por eliminar só o seu colega, com os dois grandes favoritos a ficarem isolados na frente a 50 quilómetros do fim.
A 38 quilómetros da meta, o camisola arco-íris entrou mal numa curva e caiu, deixando ‘MVDP’ isolado. O bicampeão em título ainda hesitou, quando viu o seu rival no chão, mas voltou a concentrar-se na sua missão, obrigando Pogacar a tentar recuperar a desvantagem.
O campeão em título de Tour e Giro perdeu definitivamente as hipóteses de vitória a cerca de 20 quilómetros da meta, quando teve de trocar de bicicleta, um ‘gesto’ imitado também por Van der Poel no famoso Carrefour de l'Arbre.
Mas a vantagem do campeão mundial de 2023 era tão grande que esse pequeno contratempo em nada perturbou o seu caminho para a vitória, também porque ‘Pogi’ baixou definitivamente os ‘braços’, ao contrário de Van Aert e Pedersen, os ‘derrotados’ do dia que tudo fizeram para estar no pódio.
No velódromo de Roubaix, o campeão mundial de 2019 levou a melhor ao sprint sobre o belga da Visma, numa jornada em que o português António Morgado (UAE Emirates) foi 24.º, a 05.41 minutos de Van der Poel.
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