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O relatório ordena cronologicamente os acontecimentos que justificam a suspensão, apresentando casos concretos de recurso a métodos e substâncias proibidos.
O processo da Agência Antidopagem dos Estados Unidos (USADA) contra Lance Armstrong, hoje tornado público, revisita acusações feitas contra o ex-ciclista norte-americano nos últimos anos e baseia-se em testemunhos de antigos companheiros.
Nas 164 páginas, fora anexos, que sustentam a decisão da USADA de irradiar Lance Armstrong e retirar-lhe todos os resultados desportivos a partir da temporada de 1998 até à sua retirada, estão compilados testemunhos de 26 pessoas, incluindo de 11 antigos colegas.
«As provas mais substanciais reunidas pela USADA e apresentadas na sustentação da decisão advêm de antigos companheiros de Armstrong e de antigos funcionários da US Postal e da Discovery Channel», pode ler-se no texto da agência norte-americana, que ressalva nunca ter recebido informações das autoridades federais norte-americanas.
O relatório ordena cronologicamente os acontecimentos que justificam a suspensão, apresentando, ano após ano, casos concretos de recurso a métodos e substâncias proibidos, baseados em relatos das testemunhas.
Entre estas estão os ex-colegas Frankie Andreu, Michael Barry, Tom Danielson, Tyler Hamilton, George Hincapie, Floyd Landis, Levi Leipheimer, Stephen Swart, Christian Vande Velde, Jonathan Vaughters e David Zabriskie, que trocaram o seu depoimento por penas mais leves.
Todos apresentam detalhes de como drogas eram entregues e administradas nas equipas do norte-americano, implicando também o diretor desportivo Johan Bruyneel, atual chefe máximo da RadioShack, os médicos espanhóis Pedro Celaya e Luis Garcia del Moral e o treinador Jose “Pepe” Marti.
Entre os episódios mais destacados, estão a admissão do recurso ao doping por parte de Armstrong, num hospital no Indiana, onde estava a ser tratado na sequência de um cancro nos testículos (1996), um alegado positivo por EPO na Volta a Suíça de 2001, que foi ocultado pela União Ciclista Internacional (UCI), transfusões sanguíneas durante o Tour e alterações nos dados do passaporte biológico nas épocas posteriores ao seu regresso à competição, em 2009.
Além dos testemunhos, há também referências a transferências bancárias de Armstrong para a conta do polémico médico italiano Michele Ferrari, condenado em Itália pela distribuição de substâncias dopantes, no valor de um milhão de euros.
«Os repetidos esforços feitos por Armstrong e os seus representantes para descaracterizar e minimizar a sua relação com Ferrari são indicadores da verdadeira natureza da sua relação», explica o processo, recordando que o norte-americano alegou ter cortado relações com o médico em 2004, facto que é desmentido pelas transferências.
Apesar de grande parte das acusações ter acontecido há mais de oito anos, a USADA contornou a baliza temporal determinada na lei ao provar que a “conspiração” para ocultar o recurso sistemático ao doping continuou aquando do seu regresso, em 2009.
Lance Armstrong ganhou o Tour como chefe de fila da US Postal entre 1999 e 2004 e pela última vez em 2005, com a Discovery Channel como patrocinador principal da mesma equipa.
O antigo ciclista optou por não responder às acusações da USADA, sendo automaticamente irradiado pela agência, que lhe retirou todos os resultados a partir de 1998.
No entanto, apenas a UCI tem legitimidade para anular os triunfos do “Boss”, alcunha pela qual era conhecido no pelotão.
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