São poucas as coisas que melhoram com a idade. É uma luta contra o tempo, contra o que éramos e o que somos agora. Os verbos começam a conjugar-se no passado nas frases que vamos construindo, e chega-nos a nostalgia.
Mas há exceções e exemplos que nos dão esperança. E que nos fazem acreditar que connosco será diferente. No desporto e no futsal, há uma exceção que é por nós bem conhecida: Pedro Costa.
Tem 35 anos, aquela idade que no bilhete de identidade desportivo já provoca desconfianças, mas quem o vê jogar não acredita.
Esteve no Europeu de futsal 2014 (Antuérpia), e está agora de férias em Portugal, depois de mais uma brilhante época no Japão e no Nagoya Oceans. Conquistou campeonato, taça, e figurou no cinco ideal do ano. A sua equipa só pecou na Taça dos Campeões Asiáticos onde ficou pelo terceiro lugar. Ah, e renovou por mais dois anos.
Pedro Costa, um “vinho reserva” de qualidade
Em entrevista ao SAPO Desporto revelou o seu segredo, ou parte dele.
“A idade avança, e a verdade é que, no Japão, cada época é melhor que a anterior (já está há três temporadas neste país). Fiz, este ano, a minha melhor época de sempre lá. Estou com a mesma ilusão de um jovem que chega à equipa neste momento. Acredito que tenha uma responsabilidade muito grande na equipa onde estou. Apesar da minha idade, eu não posso defraudar de forma alguma os jovens que aqui me vêem como um exemplo. Isso é uma das minhas principais motivações. É o que me permite trabalhar, dia após dia, com o mesmo afinco, dedicação e profissionalismo, com que sempre trabalhei”, começa por dizer.
A renovação por mais dois anos com o Nagoya, permite-lhe perspetivar a sua carreira até aos 37 anos. Era um fim digno e condizente com o que fez até então. Mas a sentir-se tão bem, nem o próprio sabe se vale a pena pensar assim.
“Eu renovei por mais dois anos. Quando fiz o acordo, o objetivo seria terminar a minha carreira desportiva depois deste contrato no Japão. Mas não sei, sinceramente, quais são os meus limites”.
Títulos que nunca mais acabam
Títulos e mais títulos é assim que resume a carreira deste jogador. Por onde passa, coleciona-os como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Em quatro clubes por onde passou (Sporting, Freixieiro, Benfica e Nagoya), ganhou muitos campeonatos, mais precisamente onze. É um lugar comum, mas é preciso estar no sítio certo e à hora certa.
“É uma questão interessante. Eu às vezes também pergunto a mim mesmo o porquê de tudo ter acontecido desta forma. Tem sido fantástico. Ganhar onze campeonatos em quatro clubes diferentes deixa-me com uma felicidade enorme. Tive a sorte de estar em equipas com grandes jogadores e com grupos muito fortes. Tive essa felicidade. Encontrei sempre um bom espírito de equipa, uma grande união, e isso ajuda muito a estar mais perto dos títulos”, explica.
Próximo passo: Mundial 2016 (Colômbia)
Pedro Costa regressou à seleção no final de 2013, depois de três anos de interregno. Veio para ficar. Perguntaram-lhe depois do Euro 2014 se era o fim da linha, e a resposta foi um redondo não. Fica até se sentir útil. Quer continuar a ser convocado não por aquilo que já foi, mas por aquilo que ainda é.
“Estou completamente disponível para continuar na seleção. Quando acabou este Europeu, perguntaram-me se seria o final. E eu disse que não. O final será quando o selecionador nacional, Jorge Braz, o decidir. Quando iniciámos a conversa de eu poder regressar à seleção, eu pus o professor Jorge Braz à vontade e disse-lhe: ‘Você nunca, mas nunca terá a obrigação moral de me convocar por aquilo que eu já fui. Se eu tiver valor para representar a seleção, então aí sim, quero que me convoque porque eu estou disponível sempre’. Não será fácil eu chegar ao próximo Mundial. Tenho que estar a um nível muito bom, o que é mais uma grande motivação para estes dois anos. Quero estar no meu máximo para chegar até lá”, rematou.
Pedro Costa, ou Costinha, como é chamado no futsal, tem os seus objetivos bem traçados. Agora é esperar que continue a ganhar esta sua luta contra o tempo.
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