O presidente da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), Miguel Franco de Sousa, saudou hoje a possibilidade de reabrir os campos para prática recreativa, mesmo sem saber a data do regresso das competições, interrompidas pela pandemia da COVID-19.
O golfe foi um dos desportos individuais ao ar livre incluído nas medidas de desconfinamento que entram em vigor em 04 de maio, aprovadas na quinta-feira em conselho de ministros, e o responsável federativo mostrou-se satisfeito pela retoma da "prática desportiva recreativa e não competitiva" da modalidade.
"Isto é muito importante para os praticantes portugueses, para os clubes e para as instalações desportivas de golfe. Esta modalidade é individual, e poderemos obviamente assegurar o distanciamento social em todos os momentos. Vamos ter obviamente algumas condicionantes", realçou à Lusa.
Sem hipótese de ver as competições reativadas até ao início de junho, Miguel Franco de Sousa admitiu a vontade de organizar, ainda nesta época, as "provas mais importantes", que decidam "os principais títulos individuais e coletivos" a nível nacional, mas lembrou que o calendário depende do funcionamento dos serviços de alojamento e de restauração.
"Já cancelámos bastantes competições neste período [primavera] de grande atividade nacional e internacional. Já temos a indicação de que eventualmente poderemos retomar [a competição] em junho, mas estamos dependentes da retoma das unidades hoteleiras e de restauração para apoio. Não vale a pena fazer competições de norte a sul do país, sem alojamento para os atletas", explicou.
O dirigente deu ainda "nota positiva" à coordenação demonstrada entre as federações dos desportos que vão ser retomados e a Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude, tendo enaltecido a atenção prestada ao golfe e ao ténis, duas modalidades com "muitas parecenças", pela dinâmica económica que as envolve.
A quebra da atividade económica causada pelo surto do novo coronavírus refletiu-se na prática de golfe em contexto turístico, tendo, segundo o presidente da FPG, privado os campos portugueses de "largas dezenas de milhares de jogadores" no último mês e meio, precisamente a "época alta do turismo de golfe".
Miguel Franco de Sousa adiantou que as receitas das 83 instalações nacionais de golfe este ano vão cair entre 50% e 70% face a 2019 - 125 milhões de euros -, tendo explicado que a dimensão das perdas vai depender da forma como as restrições ao turismo vão ser levantadas.
"[As quebras] vão depender de quando é que se vão abrir as fronteiras e da forma que vão ser limitados os passageiros nos aviões - se a um terço, a metade, a dois terços da lotação. Esta pandemia está a deixar cicatrizes muito fortes, e muita gente que tinha planeado viajar poderá não viajar", reconheceu.
O responsável frisou ainda que o Algarve, região com mais campos no país, vocacionada para o turismo, está a sofrer mais do que as instalações de Lisboa, do Norte e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, que vivem sobretudo das "quotizações anuais", pagas pelos golfistas residentes em Portugal - há 15.800 atletas inscritos na FPG.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 233 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Cerca de 987 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.007 pessoas das 25.351 confirmadas como infetadas, e há 1.647 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
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