O primeiro objetivo está alcançado. Para quebrar a maldição nos Mundiais de hóquei em Patins em San Juan, Renato Garrido e os seus pupilos definiram vencer o seu grupo como primeiro colocado, para assim evitar possíveis surpresas no calendário, na 45.ª edição do Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins.

A goleada de 7-1 ao Chile (Telmo Pinto 2' e 40', Hélder Nunes 9', João Souto 14', Gonçalo Alves 36' (g.p.), Diogo Rafael 43', Henrique Magalhães 48') no final da noite de quarta-feira colocou Portugal no topo do Grupo A do Mundial de Hóquei em Patins masculino, que decorre na 'maldita' cidade de San Juan, na Argentina.

Maldita porque nunca se ouviu 'A Portuguesa' na 'capital' do hóquei patinado argentino. O melhor que os lusos conseguira nas seis edições realizadas no Pavilhão Aldo Cantoni foram dois segundos lugares, alcançados em 1989 e 1970. Portugal terminou ainda em terceiro em 2011 e 1978 e fora do pódio em 2001, em que finalizou na quarta posição.

Revalidar o título e apanhar a Espanha

Se Portugal se tem dado mal em San Juan, a Espanha, sua principal rival em tudo o que é hóquei em patins (de seleções, jovens e seniores, masculinos e femininos e de clubes) não se pode queixar. É que 'nuestros hermanos' conquistaram quatro dos seus 17 títulos na capital do hóquei argentino, em 2011, 2001, 1989 e 1970, tendo ainda sido prata em 1978, atrás da seleção anfitriã. Ou seja, só por duas ocasiões a Espanha não foi campeã do Mundo em San Juan.

Portugal está na Argentina como campeão do Mundo, após vencer o título em 2019 em Barcelona, quebrando uma 'seca' de 16 anos e de domínio da seleção espanhola, que conta 17 cetros mundiais. Portanto, além de quebrar a maldição de San Juan, Portugal tem a oportunidade de igualar a Espanha no topo da lista dos países com mais títulos mundiais.

Os comandados de Renato Garrido terão de lutar contra a história mas também contra uma Espanha que tem vindo a dominar o hóquei patinado mundial e europeu. A Espanha soma sete títulos mundiais nas últimas 10 edições, ao que acrescenta oito europeus em igual período, enquanto que Portugal ergueu o desejado troféu apenas por duas vezes e a Argentina uma.

Mundial Hóquei em Patins: Portugal festeja golo
Mundial Hóquei em Patins: Portugal festeja golo

Argentina é favorita com os seus 'portugueses', Itália pode surpreender

Além da sempre complicada Espanha, há rivais a ter em conta, como a Argentina, que joga em casa e tem um plantel formado com os melhores da modalidade, quase todos a jogarem em Portugal, como são os casos de Lucas Ordóñez, Pablo Álvarez e Carlos Nicolía que jogam no Benfica, de Matías Platero e Gonzalo Romero do Sporting, de Ezequiel Mena do FC Porto, de Matías Pascual do Barcelona, de Conti Acevedo, guarda-redes do OC Barcelos.

A Espanha tem os sportinguistas Toni Pérez e Ferrán Font, os portistas Xavi Barroso e Xavi Malián, o benfiquista Nil Roca, e outros nomes sonantes da modalidade como Pau Bargalló e Ignacio Alabart, do Barcelona.

Nos quartos de final, Portugal vai medir forças com o vencedor do jogo entre Moçambique e Alemanha. Se vencer, irá cruzar-se nas meias-finais com Espanha ou França, que jogam entre si num dos outros jogos dos 'quartos'. A Argentina, que ainda não tem adversários nos 'quartos', (Será Chile ou Colômbia) poderá apanhar a Itália nas meias-finais, se a equipa transalpina despachar Angola nos 'quartos'.

Itália, diga-se, é um dos nomes a ter em conta, já que tem nas suas fileiras jogadores de qualidade como Alessandro Verona do Sporting, Giulio Cocco, ex-FC Porto, Francesco Compagno do Reus.

Se Portugal afastar a Espanha nas meias-finais, é bem provável que encontre a Argentina na final.

Seleção experiente e com os melhores

Para revalidar o título em San Juan, o selecionador nacional levou um grupo de jogadores com muita experiência, onde o mais novo tem 28 anos (Hélder Nunes, um dos melhores do Mundo) e cinco deles acima dos 30 anos. O técnico rejeita qualquer crítica que esteja envelhecido, destaca a sua experiência e o facto de os jogadores disputarem as melhores ligas e as principais provas da modalidade.

"Eles estão num momento ótimo e no máximo da experiência da carreira. Para já estamos bem e não considero que temos uma seleção com muita idade, embora aos poucos vamos integrando um ou outro jogador", referiu Renato Garrido antes da prova.

Mundial Hóquei em Patins: Portugal-Itália
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E tem razão: quem tem Gonçalo Alves, Ângelo Girão, Hélder Nunes ou João Rodrigues não pode pensar em algo abaixo do primeiro lugar.

Por falar em Gonçalo Alves, o nosso homem das bolas paradas lesionou-se na vitória frente a França (5-1), não jogou no empate 2-2 com a Itália e, ontem, entrou apenas para bater uma bola parada, fazer o seu golo da praxe e voltar ao banco para descansar.

De recordar que neste mundial há mudanças. Paralelamente à divisão A onde estão as principais seleções, (desde a primeira edição dos Jogos Mundiais a prova passou a ser dividida em três escalões), decorre a B, com Brasil, Colômbia, Israel e Suíça, no grupo A, e Alemanha, Áustria, Andorra e Austrália, no B.

Destas oitos seleções sairão duas (as vencedoras dos grupos) que vão disputar o ‘play-off’ com os quartos classificados de cada um dos dois grupos da divisão A e discutir não só a passagem aos quartos de final do Mundial como a promoção ao escalão principal. Os vencedores - Alemanha e Colômbia, jogam contra Moçambique e Chile, os últimos colocados de cada um dos dois grupos da Divisão A.

Os três primeiros classificados de cada um dos grupos apuram-se para os quartos de final, com os jogos agendados para quinta e sexta-feira, e os quartos disputam um ‘play-off’ com os vencedores dos dois grupos da divisão B, denominada por Taça Intercontinental, de apuramento para a mesma fase.

As meias-finais estão marcadas para sexta-feira e sábado, 11 e 12 de novembro, e a final para domingo, 13 de novembro.