Numa receção à seleção portuguesa de hóquei em patins, na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, o chefe de Estado considerou que em Portugal "os mais velhinhos redescobriram e os mais jovens descobriram" esta modalidade, com a conquista do Campeonato da Europa, no sábado, frente à Itália.

"Descobriram a qualidade excecional desta equipa. Isso fez bem ao ego nacional, fez muito bem ao ego nacional", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o hóquei em patins "faz parte das memórias de muitas e muitos portugueses" e partilhou as suas, dos anos 50 e 60, dizendo que não esquece, por exemplo, "um guarda-redes chamado Matos, a quem, no tempo em que não havia máscara, partiram muitos dos dentes num remato certeiro".

O Presidente lembrou "jogadores que competiam ao mesmo tempo no futebol e no hóquei em patins, como é o caso de Jesus Correia", e disse que "era muito habitual em miúdo ir assistir a jogos de hóquei em patins, ou a Paço de Arcos, ou a Campo de Ourique, ou a Oeiras, três clubes importantes e que tinham os seus recintos desportivos".

"A minha infância foi passada assim, a minha infância e adolescência, nesse universo. Quando não podia assistir, e nós normalmente não assistíamos, ouvíamos os relatos de Artur Agostinho, que eram verdadeiramente emocionantes. Quando da rádio se passou para a televisão, houve um momento inicial de desilusão", recordou.

Voltando-se para os jovens atletas da seleção campeã europeia, o Presidente da República adiantou: "Sendo certo que no liceu em que andei havia equipas de hóquei em patins, eu tentei realmente fazer parte da equipa de hóquei em patins, mas sem sucesso algum".

O Presidente da República salientou que várias gerações cresceram "com o hóquei em patins como uma grande competição, como uma grande modalidade, como uma forma de afirmação nacional muito significativa naqueles tempos".

"Eu apenas recordei estas memórias para dizer como havia uma pré-história, uns antecedentes da parte do cidadão Marcelo Rebelo de Sousa em relação ao hóquei em patins", justificou, antes de condecorar os jogadores e treinadores da seleção portuguesa com a Ordem do Mérito.

"Mostraram que eram de longe os melhores", disse-lhes.

O chefe de Estado defendeu que o mérito desta seleção "é duplo", porque já "é difícil ser-se campeão da Europa em qualquer modalidade desportiva" e Portugal não vencia um campeonato europeu de hóquei em patins há 18 anos.

Referindo-se ao jogo da final contra a Itália, que esteve a vencer, mas acabou derrotada por 6-2, Marcelo Rebelo de Sousa declarou que sofreu até ao intervalo, "mas depois tinha a certeza de que a segunda parte iria ser o que tinha sido a carreira toda até àquele momento".