O Mongol Derby é a maior corrida de cavalos do mundo e Manuel Espregueira Mendes, o primeiro português a participar na prova de 1000 quilómetros, em agosto de 2018, apresenta-se com a “missão superior” de honrar o país.
“É um grande orgulho, especialmente por ser a maior corrida de cavalos do mundo. Cabe-me estabelecer a primeira bitola, mostrar do que os portugueses são feitos. É especial. Dá-me noção de ser algo acima de mim e dos meus interesses pessoais”, reconheceu o cavaleiro luso, um dos 35 a 40 participantes.
Em declarações à Lusa, o recém-licenciado em Tradução em Alemão e Francês, que no sábado completou 28 anos, explicou que a competição contempla troca de equídeos a cada 40 quilómetros, num total de 25 mudanças: “o primeiro costuma completar o desafio em sete dias e o ultimo em 10”.
“Isto é uma competição, mas antes disso uma aventura. Será andar em cavalos semisselvagens, montados apenas duas ou três vezes na vida. Se vir um concorrente no chão é parar e ajudar. Uma aventura, mas é uma corrida. Há vencedor e classificação”, esclareceu.
Manuel Espregueira Mendes recordou que o longo traçado é equivalente a ir de Lisboa ao sul de França: “Em cavalo ensinado seria já de si uma prova física brutal. Montar cento e tal quilómetros por jornada imagine-se ao fim do dia. Agora, com um cavalo que vai tentar atirar-nos ao chão e com dificuldades de condução, é muito mais complicado. A maior complexidade de todas”.
Entre as provações, igualmente a adaptação à alimentação – “o meu maior medo é mesmo ter diarreia a meio do percurso” – e o dormir em esteiras ou ao relento, em paisagem de estepe que tem, entre outros riscos, lobos, “perigos reais que tornam este desafio uma aventura à séria”.
Para preparar o Mongol Derby, o cavaleiro português já começou com três horas diárias de treino em ginásio, com muito exercício cardiovascular: paralelamente, vai treinar em provas raide e montar ‘cavalos verdes’, para se ambientar o mais possível às condições que vai encontrar.
“Mais tarde, vou habituar-me a estar desconfortável, como seja dormir no chão. Preparar-me para chegar lá e não ser um choque pernoitar numa esteira ou ao relento”, completou.
O percurso será conhecido apenas três dias antes do início da primeira etapa, mas é certo que vai contar com estepe, deserto, floresta e “todo o tipo de terreno que se possa imaginar, em rica diversidade paisagística de beleza incrível, praticamente intocada pelo homem”.
Para ser aceite como concorrente, Manuel foi sujeito a “duas entrevistas intensivas”, nas quais teve de mostrar o seu nível de conhecimento técnico sobre equitação, tendo mesmo de enviar vídeos a montar e de provas nas quais participou.
Começado o desafio, vai haver apoio de equipa médica e veterinária, com controlo permanente dos equídeos, para garantir que não há abusos que, a verificarem-se, penalizam – ou desqualificam – os competidores.
Outro repto vai ser o de amealhar quase 15.000 euros que envolvem a participação, contando a inscrição e todo o tipo de despesas: na próxima sexta-feira paga nova tranche.
“Para conseguir participar, estou a tentar patrocínios e socorri-me de ‘crowdfunding’ de familiares e amigos. Todas as ajudas dos portugueses são bem-vindas”, apelou.
Manuel Espregueira Mendes está também a ser seguido por uma nutricionista e pretende ir mais cedo para a Mongólia, para assegurar a necessária adaptação ao país, de forma a minimizar o impacto.
“Agrada-me saber que na Mongólia ainda se vive muito como no tempo do Genghis Khan, que estabeleceu as primeiras estações de correio com trocas de cavalos que distavam cerca de 40 quilómetros. É disto também que esta prova trata. Estou ansioso para que tudo comece”, concluiu.
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