O presidente do Comité Olímpico da Rússia, Stanislav Pozdnyakov, acusou hoje o Comité Olímpico Internacional (COI) de agir “no interesse” da Ucrânia, depois do organismo ter pedido que seja demonstrada “sensibilidade” para com os atletas ucranianos.
“O COI tomou partido num conflito político, e começou a agir em benefício desse lado”, afirmou Stanislav Pozdnyakov em comunicado.
A reação do presidente do comité da Rússia surgiu horas depois de o COI ter pedido “sensibilidade” para com os atletas ucranianos, depois de uma representante do país ter sido desqualificada nos mundiais de esgrima após se ter recusado a cumprimentar uma russa que derrotou.
O caso verificou-se na quinta-feira em Milão, Itália, quando Olga Kharlan, tetracampeã do mundo de sabre, se escusou a cumprimentar Anna Smirnova, a quem tinha ganho por 15-7.
Este gesto após o primeiro confronto entre atletas ucranianos e russos em qualquer modalidade desde a invasão da Ucrânia, à exceção do ténis, valeu a desqualificação da ucraniana num desporto que, até março deste ano, foi presidido internacionalmente pelo oligarca russo Alisher Usmanov.
As regras da esgrima preveem que os atiradores se cumprimentem no final do combate: a russa, que compete enquanto “atleta individual neutra”, ficou vários minutos na pista, como forma de protesto perante a conduta da adversária.
A federação ucraniana logo reagiu à desqualificação, apresentando à federação internacional o seu “protesto” e pedindo a revogação da decisão.
Este combate entre as duas atiradoras só foi possível porque o decreto do Ministério do Desporto que proibia a participação de desportistas de delegações oficiais ucranianas em competições que envolvessem russos e bielorrussos foi alterado na quarta-feira e passou a abranger apenas “atletas que representem” aqueles dois países.
Esse facto mereceu também uma observação por parte do COI, que saudou esta mudança de posição do governo ucraniano, que assim aceita embates frente a desportistas que participem sob uma bandeira neutra.
Esta decisão de Kiev "permitirá que (os ucranianos) se qualifiquem para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024", saudou o COI.
A invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro de 2022 – justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de desnazificar e desmilitarizar a Ucrânia, para segurança da Rússia –, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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