O apuramento de Telma Monteiro para os sextos Jogos Olímpicos da carreira seria um “gosto para o judo nacional”, com a medalha de bronze do Rio2916 a tentar tudo nos Mundiais de Abu Dhabi, a partir de domingo.

“Seria um gosto para o judo nacional que a Telma Monteiro conseguisse ser apurada. Uma judoca que está no mais alto nível durante este tempo todo, conseguir ir aos sextos Jogos Olímpicos, penso que seria um recorde que iria perdurar durante muito tempo”, disse à agência Lusa o presidente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ), Sérgio Pina.

Telma Monteiro, a judoca portuguesa mais medalhada de sempre, procura a sexta participação olímpica, o que seria um recorde no desporto feminino português, mas também do judo mundial, cujo recorde já detém, a par de outros cinco judocas - Jorge Bonnet, Driulys González, Maria Pekli, Ryoko Tamura-Tani e Robert Van de Walle.

“Como atleta que é, eu teria muito gosto. Não quero dizer com isto que gosto menos de todos os outros que estão, mas teria um grande agrado que a Telma Monteiro fosse qualificada”, acrescentou Sérgio Pina.

O cenário para Telma Monteiro não é fácil, depois de a judoca do Benfica ter perdido esta semana o lugar de entrada, via quota continental, e após um longo período em que esteve parada e a fez descer de uma posição de qualificação direta em -57 kg.

A judoca, de 38 anos, sofreu em novembro uma lesão grave, mais uma na sua carreira, desta vez uma rotura do ligamento cruzado interno do joelho esquerdo, que a forçou a uma paragem de cinco meses, regressando apenas nos Europeus em abril.

Uma paragem que a impediu de somar pontos e a deixou, pela primeira vez, fora das ‘contas’ olímpicas, com Telma Monteiro a ser também ultrapassada por João Fernando, com mais pontos e a cair para a quota continental, e pela jovem Taís Pina, a segurar uma quota de realocação.

Um contexto que leva Telma Monteiro a poder precisar de ter melhores resultados do que os seus companheiros nos Mundiais de Abu Dhabi ou reentrar na classificação direta, em contas de apuramento que também podem colocar na luta judocas de outros países.

Os Mundiais surgem como um ‘tudo ou nada’ para alguns dos portugueses e Telma está nesse leque com a ‘máquina de calcular’ à espera de sucesso nos combates que venha a realizar na segunda-feira na Mubadala Arena, em Abu Dhabi.

“Está perfeitamente consciente, e há de estar plenamente, de que ali vai ser passo a passo, e vai ser ou ir aos jogos ou não ir aos jogos. E, portanto, ela tem de ir buscar as forças todas aonde a gente também nem imagina que elas estão. Mas estou convencido que a Telma irá fazer tudo por tudo, não vai, como se costuma dizer, dar a derrota de barato”, considerou o presidente da FPJ.

João Fernando (2.443 pontos) e Taís Pina (2.341) ocupam 'quotas' - lugares atribuídos fora da classificação direta para os judocas com mais pontos -, à frente de Telma Monteiro (2.296), Maria Siderot (2.067) e Rodrigo Lopes (1.813).

Na quota continental, João Fernando ocupa o sétimo lugar entre os 13 masculinos atribuídos à Europa, sabendo-se que os femininos atribuem 12, mas o continente não pode ter repetição de judocas por país.

Taís Pina, depois de ter sido medalha de ouro no Grand Slam do Cazaquistão, passou a ser a segunda portuguesa com mais pontos fora dos qualificados diretamente, por isso encontra-se na designada quota de realocação, destinadas a três vagas excedentes dos continentes.

Caso algum judoca reentre na classificação direta da sua categoria - com cada uma a apurar 17 elementos, com exceção a franceses ou repetição de nacionalidades -, será possível reavaliar as entradas dos mais pontuados que se seguem, tendo sempre em conta a hierarquia que engloba todos os judocas e, também aqui, descartando repetições de países na quota continental.