Kimia Alizadeh, a única medalhada olímpica do Irão, com o bronze no taekwondo no Rio2016, terá desertado para os Países Baixos, informou hoje a agência semi-estatal Isna.

“Choque pelo taekwondo iraniano. Kimia Alizadeh emigrou para os Países Baixos”, noticia a agência Isna, sem que haja, por enquanto, qualquer reação da sua família ou federação.

A atleta de 21 anos não compareceu à concentração da seleção que prepara a participação em Tóquio2020 e, segundo a selecionadora, “partiu há alguns dias para os Países Baixos”, onde continua a preparar-se.

Na internet, há uma foto, de baixa qualidade, que parece mostrar a iraniana entre outros jovens, de ambos os sexos, e em roupas desportivas – no Irão o véu islâmico é obrigatório, até no desporto, no qual existe forte segregação sexual – facto que provocou milhares de comentários.

A hashtag #Kimia_Alizadeh é uma das mais utilizadas hoje no Twitter.

A Isna indica que Kimia Alizadeh terá a intenção de representar outro país nos Jogos Olímpicos, apesar dessa possibilidade supostamente não ser exequível para Tóquio2020.

A agência Tasnim, mais próxima dos ultraconservadores, manifestou-se “surpresa” pelo facto de a sua família e a federação “ainda não terem reagido para confirmar ou negar as notícias surpreendentes” da sua alegada deserção.

A alimentar os receios da sua saída definitiva do Irão, surgiu na internet um vídeo com uma entrevista da atleta com o seu marido, o campeão de voleibol Hamed Madanchi, em agosto de 2018, na qual revelam um silêncio embaraçoso a uma pergunta sobre a sua possível emigração.

Vários políticos iranianos já criticaram, nas redes sociais, a situação e o deputado Abdolkarim Hosseinzadeh exige mesmo “responsabilidades a quem está a deixar fugir o capital humano” do país.

O taekwondo é um dos desportos favoritos no Irão.