A ausência de público no prólogo da Baja Portalegre 500, devido à pandemia de covid-19, foi um dos principais “adversários” que os pilotos encontraram hoje no primeiro dia da “mítica” prova de todo-o-terreno.

“Foi bastante diferente, foi a primeira vez que passei na zona da ribeira [zona de grande afluência de público] e ouvi a minha mota, é muito estranho mesmo, é o que tem de ser e espero que toda a gente respeite”, disse à agência Lusa o piloto de motos António Maio.

O piloto Mário Patrão confessou também à Lusa, após cumprir o prólogo na Herdade das Coutadas, que foi “muito estranho” não encontrar público ao longo do percurso com mais de 3,3 quilómetros, considerando que desta forma que a prova “perde um pouco a piada”.

“Muito estranho [prova sem público], perde um pouco a piada, mas entendemos que as coisas têm de ser assim para se conseguir realizar provas”, disse.

“É completamente diferente apesar de nos divertirmos em cima da mota a magia do público traz outra garra, outra energia que desta forma não temos. É pena, mas para o ano será melhor, esperemos”, disse por sua vez à Lusa o também piloto de motas Daniel Jordão.

Além da ausência de público, os pilotos também destacam como "adversário" o mau tempo que se faz sentir na região e que prejudica o traçado da prova.

Na segunda-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que a Direção-Geral da Saúde (DGS) não deveria dar parecer favorável à realização da prova face à evolução da pandemia da covid-19.

Questionada sobre a realização da prova, que costuma acolher milhares de adeptos da modalidade ao longo do percurso e realizar-se com pilotos e respetivas equipas de vários países, Graça Freitas referiu não ter conhecimento de nenhum pedido da organização, mas afirmou: “em princípio não daremos parecer favorável”.

“Temos pena, porque alguns eventos merecem todo o carinho e todo o apoio, mas estamos numa situação excecional e temos de ter medidas excecionais”, considerou, reforçando que “as próximas semanas serão de grandes restrições”.

A 27 de outubro, o promotor da prova, o Automóvel Club de Portugal, apresentou um plano de contingência em que se previa que decorresse sem público.

No plano, disponível no sítio na Internet do evento, marcado para entre 05 e 07 de novembro, é referido que “não será permitido” público na prova.

Em declarações hoje à Lusa, Orlando Romana do Automóvel Club de Portugal (promotor da prova), manifestou-se bastante satisfeito com a atitude dos participantes e do público, sublinhando que estão a cumprir “tudo” o que foi proposto para que o evento recebesse “luz verde” para ser realizado.

“As pessoas [participantes] estão a cumprir tudo aquilo que é proposto, as medidas da DGS, e o público teve uma atitude correta, não veio, sentimos a falta, obviamente, porque isto é a prova do povo, temos imensa pena que não estejam cá, mas estamos muito agradados com o facto de não terem forçado a vir”.

Fonte do Comando Territorial de Portalegre da GNR garantiu também hoje à Lusa que o prólogo está a decorrer “sem público”, não havendo registo de pessoas que tenham se deslocado até ao recinto onde decorre a Baja Portalegre 500.

A mesma fonte indicou que estão hoje no terreno cerca de 100 militares, mas no sábado, “dia grande” deste evento, vão estar destacados ao logo de todo o percurso cerca de 300 militares.