Em entrevista à agência Lusa, o italiano Terenzio Testoni disse que "a chave do rali é que [as equipas] têm apenas oito pneus macios [e 16 duros] e têm de ser muito espertos e ver quais os melhores sítios para usar os macios".

"Em Portugal, há dois tipos de piso completamente diferentes. No último dia, na especial de Fafe, por exemplo, o piso é à base de areia e escorregadio. Mas em Arganil [hoje] o piso é muito duro e abrasivo, sobretudo na segunda passagem", explicou.

Por isso, Terenzio Testoni antevê que a generalidade dos pilotos guarde quatro pneus de composto mais macio para domingo, o que implica "ter apenas outros quatro pneus macios para hoje e sábado".

Em cada prova, segundo explicou o responsável da Pirelli à Lusa, "há duas opções para os pneus". Por um lado, cem por cento de pneus duros (24) ou, por outro, oito macios e 16 duros. Foi essa a opção da Federação Internacional do Automóvel (FIA) para esta prova.

Terenzio Testoni referiu ainda que os pneus macios "são indicados para pisos de areia e lama", o que às vezes acontece na prova lusa.

Em condições de piso seco, os indicados são os pneus duros.

O mesmo responsável adverte, porém, que esta é a primeira prova da Pirelli com pneus de terra, pois desde 2010 que não fornecia pneus para o Mundial de Ralis e, em 2017, os regulamentos criaram carros WRC "de nova geração".

"Por isso, esta prova será uma incógnita para todos. Ainda não tivemos nenhuma prova em terra", frisou.

Para hoje, Terenzio Testoni não sabe qual a melhor estratégia, pois as primeiras passagens têm um piso mais mole, com menos pedras e com mais tração, pelo que é possível "que os pilotos optem por rodar com dois pneus duros e dois macios".

Nesse caso, "alguns gostam mais de montar os duros à frente e os macios atrás, enquanto outros preferem os pneus cruzados", atrás e à frente, explicou.

Cada piloto pode levar até dois pneus suplentes, sendo que, em Portugal, o responsável da Pirelli acredita que todos optem por esta solução.

"Às vezes, por uma questão de peso, alguns levam apenas um, mas aqui, por uma questão de segurança, por causa dos furos, acredito que todos levem dois", sublinhou.

E se em circuito, "com condições constantes", é possível comparar o desempenho entre os dois tipos de ‘borrachas’, em pisos como o português "é impossível comparar, pois há muitas variáveis envolvidas, incluindo a posição de partida para a pista".

O diretor para as atividades desportivas da Pirelli admite que Portugal é, por isso, "uma das corridas mais difíceis do ano".

Para esta prova, a Pirelli trouxe 25 pessoas, "o mesmo número que viria sem a pandemia, pois há o mesmo número de carros em prova", e cerca de 2.300 pneus que, no final, ficam na posse das equipas, para a realização de testes.

O trabalho do fabricante italiano teve por base o que já tinha sido desenvolvido na Fórmula 1, mas Terenzio Testoni garante que "a única semelhança entre os dois tipos de pneus é a forma redonda e o terem um buraco no meio".