O selecionador português de natação, o brasileiro Albertinho, pretende colocar na cabeça dos seus atletas um paradigma de ambição e confiança, de forma a fazer emergir talentos e ‘plantar sementes’ neste ciclo olímpico.
Em entrevista à agência Lusa, nas piscinas do Centro de Alto Rendimento do Jamor, em Oeiras, Alberto Silva, mais conhecido como Albertinho, falou do ano inicial como selecionador da Federação Portuguesa de Natação (FPN) e dos objetivos com a vinda para Portugal.
“Gostaria de ter vários Cristianos Ronaldos aqui, para além da qualidade técnica, que é óbvia. Antes de ele virar o Cristiano Ronaldo que todo o mundo conhece, era um garoto habilidoso, mas que não tinha nada para começar. O que ele tinha era uma ambição e uma confiança muito grandes no talento dele. Muita gente confunde com arrogância, eu vejo como um menino que saiu sem nada e que lutou praticamente sozinho para chegar onde chegou. É isso que quero colocar na cabeça dos meus atletas”, expressou.
Dando o exemplo do futebolista, Albertinho pretende quebrar o paradigma que existia na natação em Portugal, pegando nas palavras e nos intuitos do presidente federativo, António Silva, aquando da mudança de estrutura técnica, decorrida no verão de 2021.
Albertinho orientou a seleção brasileira de natação entre 2004 e 2021, contando com duas medalhas olímpicas em Londres2012, dois recordes mundiais e 24 medalhas em Mundiais, um currículo impressionante, mas o técnico precisava de mudar e o desafio de “começar alguma coisa nova e diferente” estimulou-o e atraiu-o a vir para Portugal.
Consigo, vieram o preparador físico Igor Silveira e o especialista em biomecânica Samie Elias, formando uma equipa multidisciplinar que permite “amplificar o conhecimento e o resultado” do atleta, com contrato para este ciclo olímpico, até aos Jogos Paris2024.
Num “trabalho longo”, o objetivo passa por “plantar uma semente agora para 2024” e, no próximo ciclo olímpico, independentemente da sua continuação, ou não, no posto técnico, que se “continue a alimentar essa mudança em prol da natação em Portugal”.
Esta alteração técnica já viu emergir alguns talentos no último ano, sobretudo o jovem Diogo Ribeiro, de 18 anos, vencedor de três medalhas de ouro nos Mundiais juniores - 50 metros mariposa (com recorde mundial), 100 metros mariposa e 50 metros livres -, de um ‘bronze’ nos Europeus de seniores e duas medalhas nos Jogos do Mediterrâneo.
“No nosso país, nunca tivemos um treinador assim para o ‘sprint’. Sempre pensávamos que era mais treinos por semana e nunca nos focámos tanto na qualidade do treino. O Alberto trouxe para Portugal a qualidade de treino, mostrou que não é preciso efetuar tanta quantidade, mas sim implementar a parte do ‘sprint’, que, passado um ano, está melhor do que antes. Não era falado sequer e, agora, o ‘sprint’ é o que está melhor em Portugal neste momento”, frisou o jovem nadador Diogo Ribeiro, em entrevista à Lusa.
A contribuição do trabalho multidisciplinar “foi uma coisa bastante importante” para o grupo, uma vez que, de acordo com o nadador do Benfica, permitiu aumentar a crença e a entreajuda nos treinos e criou uma ligação fundamental entre treinador e atletas.
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