A Justiça argentina ouviu, esta sexta-feira (18), a acusação e a defesa de dois jogadores de râguebi franceses acusados de violação e convocou-os para nova audiência no dia 25 de outubro, quando decidirá se arquiva o caso  ou se leva o mesmo para julgamento, explicaram os advogados das partes no final da audiência nos tribunais de Mendoza, oeste da Argentina.

"É muito importante a audiência do dia 25, e entendemos que a defesa dos acusados deve ter paciência, pois achavam que hoje sairiam com a decisão de arquivamento, mas processualmente isso não é permitido", afirmou a advogada Natacha Romano, representante da denunciante.

Hugo Auradou e Oscar Jegou, ambos de 21 anos, são acusados de violação agravada de uma mulher, que teria ocorrido na noite de 6 para 7 de julho num hotel em Mendoza, onde a seleção francesa tinha acabado de jogar contra os Pumas, seleção da Argentina. Os jogadores reconheceram a relação sexual, mas negaram qualquer tipo de violência.

"Nunca aconteceu. Espero que isso seja resolvido o quanto antes, porque o prejuízo é muito grande [para os acusados]", garantiu o advogado de defesa, Rafael Cúneo Libarona, irmão do ministro da Justiça argentino.

Libertados e autorizados a deixar a Argentina quando o caso "perdeu força", segundo o Ministério Público, os dois arguidos chegaram à França no dia 4 de setembro. Mas o caso continuou em Mendoza.

A 5 de outubro, o MP solicitou o arquivamento - ou seja, o encerramento do caso antes de chegar a julgamento -, juntando-se assim a um pedido da defesa, o que praticamente tornou o processo perdido para a acusação.

"Destrataram a vítima, manipularam o caso na imprensa, divulgaram informações em segredo de justiça. Tudo o que me ensinaram que era errado, eles fizeram", comentou à AFP o advogado da denunciante, Mauricio Cardello.

Do lado dos jogadores, por sua vez, reina o otimismo. "Conhecemos o processo a fundo (...) e tudo isso aponta numa única direção, que é a absolvição dos rapazes", disse o advogado de defesa Germán Hnatow, à AFP.

Um dos principais argumentos da defesa é que a denunciante teria ocultado dos tribunais que sofria da síndrome de Von Willebrand, uma condição hemorrágica que afeta a coagulação do sangue e pode predispor ao aparecimento de hematomas e sangramentos.

Em resposta, a acusação apresentou esta sexta-feira uma nova prova de que a vítima não sofre desta doença.

No entanto, a juíza Eleonora Arenas, que presidiu a audiência esta sexta, "rejeitou" esses argumentos, afirmou à AFP o porta-voz da Justiça provincial, Martín Aumada.

A advogada Romano mostrou-se insatisfeita com a atuação do Ministério Público, criticando-o por não ter considerado as provas.

A defesa também incluiu vários áudios de WhatsApp nos quais a denunciante fala de forma favorável com uma amiga sobre o encontro sexual com os jogadores. Os advogados da mulher alegam que as mensagens foram retiradas de contexto.

Segundo relatórios forenses, a denunciante apresentava pelo menos "15 marcas ou lesões" no seu corpo após o encontro sexual com os dois jovens jogadores de râguebi franceses.