O presidente da Federação Portuguesa de Surf (FPS), João Aranha, defendeu hoje não haver “condições para a realização dos Jogos Olímpicos”, face à pandemia da covid-19, reforçando a opinião transmitida pelo Comité Olímpico de Portugal (COP).
João Aranha explicou que, para além da pandemia, existe o problema da “falta de preparação dos atletas”, devido às provas suspensas, a “emergência mundial” e, sobretudo, as qualificações, realçando que “ainda há a possibilidade de apurar pelo menos mais um atleta e duas atletas” portugueses.
“Com estas condições, não estou a ver como é que conseguirão fazer a qualificação, que está prevista para maio e foi adiada ontem [domingo] à noite para junho, mas também temos sérias dúvidas que vá acontecer. Esta situação tem de ser avaliada e os Jogos Olímpicos devem ser adiados, pois não temos condições nenhumas neste momento”, afirmou à Lusa.
Depois das renúncias do Canadá e da Austrália a enviarem atletas para Tóquio2020, previsto de 24 de julho a 09 de agosto, João Aranha sublinhou que estas pressões farão o Comité Olímpico Internacional (COI) repensar, juntamente com o Comité Olímpico do Japão, no adiamento do evento.
“Como são Jogos Olímpicos de verão, deviam ser adiados para 2021. Por uns meses, acabava por ir parar perto dos Jogos Olímpicos de inverno, mas, por mim, é para quando quiserem, desde que a pandemia tenha passado. O fundamental agora é tentar minimizar ao máximo os danos da pandemia e que o desporto continue após isto”, expressou o dirigente federativo.
O surf fará a estreia olímpica nesta edição e Portugal já garantiu uma vaga na modalidade, por Frederico Morais, mas, mesmo que Tóquio2020 seja adiado, mantêm-se “todas as expectativas”.
“Mais cedo ou mais tarde, os Jogos realizam-se. Talvez não será com o mesmo impacto, devido a esta emergência toda, mas os Jogos são um objetivo muito grande para Portugal e para o Frederico”, garantiu.
A FPS tem recomendado aos surfistas cumprirem as normas impostas pelo Governo português, com João Aranha a mostrar-se satisfeito por a grande maioria estar “muito consciente e dentro de um civismo incrível”.
“Felizmente, os nossos atletas procuram ser responsáveis, cumprem as leis e regras que o Estado impôs. Têm feito os treinos em casa. Sei que há muita gente na praia, mas isso fica na consciência de cada um. Nós recomendamos para cumprirem a proibição, o afastamento e isolamento, ficarem em casa e treinarem com tipos de treinos diferentes”, disse.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas. O país está em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
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