O português Frederico Morais está mais motivado para lutar pela requalificação para o Circuito Mundial de surf (CT), depois de ter alcançado no domingo as meias-finais do Rio Pro, revelou hoje à agência Lusa o surfista de Cascais.
"A sensação é ótima. É um grande resultado. Foi-me dada esta oportunidade de competir no Rio Pro e acho que aproveitei da melhor forma. Sabia que ia ser um campeonato difícil, como eu tenho pouco 'seeding' [classificação no 'ranking' da elite mundial] ia apanhar nomes bastante sonantes em todos os 'heats' que fosse fazer, e cada 'heat' que fiz foi um desafio", destacou.
Depois de deixar pelo caminho alguns dos favoritos à vitória na etapa brasileira, e até ao título mundial, como Ítalo Ferreira (Brasil) ou Julian Wilson (África do Sul), Morais perdeu apenas nas meias-finais frente ao brasileiro Filipe Toledo, que se sagrou campeão deste evento disputado na Praia de Saquarema (Rio de Janeiro) pelo segundo ano consecutivo.
"A minha performance foi subindo ao longo de cada 'heat' e deixou-me realmente satisfeito este resultado e deu-me ainda mais motivação para continuar o ano em grande, tanto no QS, como em qualquer outra etapa do CT que eu tenha oportunidade de participar", sublinhou, considerando que o terceiro posto alcançado "faz acreditar, e mostra que todo o trabalho que uma pessoa põe diariamente no objetivo [da requalificação para o CT] vale muito a pena".
E salientou: "Foi um ótimo resultado, foi uma boa semana, foi um ótimo treino, com muito surf, com muitos fãs, com o apoio incondicional dos portugueses e foi bom sentir isso. Agora, tenho o campeonato de Balito [África do Sul] na próxima semana e estou mais motivado do que nunca. Vou focar-me na próxima etapa de 10.000 pontos [Balito] do QS e deixar isto [Rio Pro] para trás, porque esta semana já passou e agora vêm objetivos novos, campeonatos novos e temos que nos focar no nosso maior objetivo que é requalificarmo-nos."
Frederico Morais ficou este ano de fora do circuito principal e procura a requalificação para 2020 através do circuito de qualificação (QS), mas participou no Rio (quinta etapa do CT) na qualidade de suplente, ao beneficiar da ausência de surfistas lesionados, tal como já tinha acontecido no campeonato de Margaret River, Austrália, (quarta etapa do CT), no qual foi 33.º.
Questionado sobre se este resultado no Brasil abre novas perspetivas para uma possível requalificação para a elite mundial através do circuito principal, 'Kikas' foi cauteloso, mas não esconde a ambição de ter novas oportunidades no CT.
"É uma pergunta difícil, porque eu não sei em que etapas é que irei participar ou se irá haver mais oportunidades, isso tudo depende da WSL, por isso, vou encarar etapa a etapa e se, entretanto, ao longo do ano, começar a ser mais palpável esta ideia, vamos então encará-la dessa forma. Mas, por agora, o foco continua no QS e irá continuar no QS. Ainda não sei se vou ter mais alguma vaga [no CT], como é que funcionam as coisas, pelo que está tudo em aberto", assinalou.
Ao nível do CT, segue-se a prova de Jeffreys Bay (J-Bay), na África do Sul, cujo período de espera se estende entre 09 e 22 de julho, mas o surfista luso - que subiu nove posições no 'ranking' do CT com o 'brilharete' no Rio Pro, ocupando agora o 32.º lugar - ainda não sabe se vai ter nova oportunidade para surfar uma das ondas que melhor se encaixa no seu estilo.
"Em termos de Jeffreys Bay [próxima etapa do CT] eu não tenho qualquer notícia, não sei de nada, não posso adiantar nada, mas é uma etapa que eu adoro, é uma onda que é das minhas preferidas, senão mesmo a minha preferida no mundo inteiro. Sem dúvida alguma que eu amava poder participar e fazer outra etapa do CT. São momentos únicos e cada chance que uma pessoa tem, tem que agarrá-la", vincou.
'Kikas' conseguiu ir à final de J-Bay em 2017, no seu ano de estreia no CT, acabando a prova na segunda posição, naquele que foi o melhor resultado de sempre para um português num campeonato do CT - superando Tiago Pires e Vasco Ribeiro que já tinham feito terceiros lugares anteriormente noutras provas -, e no ano passado alcançou o 9.º posto, pelo que é natural que deseje entrar novamente na mítica direita sul-africana.
"Ainda para mais depois deste terceiro lugar, iria saber bem poder competir em Jeffreys Bay. Eu já lá vou estar na África do Sul de qualquer das formas para o campeonato de 10.000 pontos de Balito, por isso, caso haja essa hipótese, com certeza que irei participar e irei dizer que sim. E vou estar aqui a rezar para que isso aconteça, porque seria um sonho", finalizou.
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