A preparação dos quatro mesa-tenistas que vão representar Portugal nos Jogos Olímpicos Londres2012 passa por quatro horas de treinos diários, uma sesta «regeneradora» depois de almoço e um cuidado extremo com as raquetes que vão utilizar nas provas.
Na maior competição desportiva do Mundo, basta a raquete ter uma cola ou uma borracha que não seja aceite pelos regulamentos, durante o habitual controlo que é feito antes dos jogos, para resultar logo na desqualificação do atleta.
«Há mais de mil borrachas diferentes e há umas que são permitidas e outras que não são. Umas têm picos para fora, outras para lado, outras curtas e outras longas. Basta alguma irregularidade para que o jogador seja excluído da competição. Acaba um pouco por ser como nos ralis e na Fórmula 1», explicou à agência Lusa o treinador da equipa portuguesa de ténis de mesa, Ricardo Faria.
Por isso mesmo, Marcos Freitas e João Pedro Monteiro (singulares e equipas masculinas), Tiago Apolónia (equipas) e Lei Mendes (singulares femininos) são responsáveis pela manutenção das suas próprias raquetes e, quando não estão a ser usadas, estão «preciosamente» guardadas nos respetivos quartos na Aldeia Olímpica.
«Cada atleta tem duas raquetes. Pode rasgar a borracha numa e tem que ter sempre a outra preparada, ou então arrisca a desqualificação», contou o técnico luso.
Além das raquetes, a bola que vai ser usada é também uma das preocupações da equipa portuguesa e, para já, o principal objetivo na adaptação que está a fazer ao ambiente olímpico em Londres.
«Aqui vamos encontrar um tipo de bola mais dura, que salta mais e tem um ressalto bem diferente. Em Portugal muitas vezes treinamos com bolas de uma estrela, que são de mais baixo custo, têm menos qualidade e são mais moles», lamentou Ricardo Faria.
Por essa razão, e também por causa do «sonho» do profissionalismo, todos os quatro atletas lusos «tiveram que sair de Portugal para evoluir».
«As pessoas que não conhecem, pensam que é fácil, mas este desporto exige muitos exercícios técnicos e de deslocamentos. A bola tem muitos lados, pode-se bater na bola com rotação, com efeito, sem feito, com cortes por baixo, de lado, existe muita coisa que se pode fazer com a bola», referiu o treinador madeirense.
Em Londres desde a última sexta-feira, depois de um estágio de vários dias em França, os atletas cumprem treinos de manhã e à tarde, e pelo meio cumprem sempre uma «preciosa sesta».
«Isso é imprescindível. Para recuperar e regenerar é muito importante. Também estão constantemente a ser acompanhados pelo nosso fisioterapeuta, principalmente o Tiago Apolónia que foi recentemente operado ao menisco. De resto encontrámos umas condições fantásticas», disse Ricardo Faria.
Depois de conhecerem os adversários no sorteio, que está agendado para quarta-feira, a equipa portuguesa irá fazer uma exaustiva análise aos rivais que vão encontrar.
«É preciso analisar muito bem os adversários, ainda mais com tão pouco tempo entre o sorteio e os jogos. Temos que saber se com quem vamos jogar é esquerdino, destro, se joga à defesa ou se ataca mais», revelou o responsável pela seleção portuguesa em Londres2012.
Apesar da presença de quatro atletas nos Jogos já ser um feito «brilhante», Ricardo Faria considerou que Portugal poderá surpreender, principalmente na prova de equipas.
«Se ganharmos um jogo no torneio de equipas ficamos logo nos oito primeiros. Se ganharmos outro, ficamos na luta pelas medalhas, por isso tudo é possível», afirmou.
A participação portuguesa nesta modalidade arranca no dia 28 de julho, na vertente de singulares, em que participam João Pedro Monteiro e Marcos Freitas, nos masculinos, e Lei Mendes, na competição feminina.
A prova de equipas começa no dia 03 de agosto, prolongando-se até ao dia 08, já com a inclusão de Tiago Apolónia.
Os Jogos Olímpicos Londres2012 arrancam a 27 de julho e terminam a 12 de agosto.
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