Esta coisa de jogar onze contra dez tem muito que se lhe diga. Quando existe uma boa organização defensiva na equipa que está em desvantagem numérica, esta por vezes consegue obter um empate, e se a sorte a proteger, pode até ganhar o jogo. Para que tal aconteça terá de ter estratégia elaborada para rentabilizar o seu jogo de contra ataque.

Lembro-me que um treinador que já foi campeão várias vezes em Portugal, que dizia mesmo, «jogar contra dez é mais difícil que jogar contra onze». Contrastando essa opinião. Ontem, após terminar o jogo, Jorge Jesus na conferência de imprensa disse «jogar contra dez, claro que é mais fácil»! Eu penso que por esta situação de 10 versus 11, não ser muito habitual, não é suficientemente trabalhada pelos treinadores. Por isso não admira que as opiniões girem à volta do resultado final. 

O próprio Jesus depois de ser por várias razões mal eliminado pelo Chelsea, passou por essa situação, jogou com menos um, e superou o afortunado Chelsea, que devia ter ficado pelo caminho. Também conheço um treinador que em nove jogos em que a sua equipa atuou em inferioridade, dois deles com nove, só perdeu um. Temos também o caso recente do Beira-Mar vs Académica, os estudantes a jogarem com dez e depois de estarem a perder por 3-0 empataram. Pelos vistos para o Beira-Mar foi mais complicado jogar contra dez.

Mas ontem tal como Jesus afirmou, jogar contra dez ou contra onze não fazia diferença, dada a tendência apresentada, o Benfica venceria. É claro que o Benfica ganhou e muito bem. Mas faltou a adaptação das equipas a esta “situação invulgar”. Ambas continuaram a jogar como se não tivesse acontecido a expulsão. Existem manuais de como se deve atuar com dez contra onze, e com onze contra dez.
O Vitória foi penalizado por não se ter organizado, face às circunstâncias. O Benfica que como Jesus disse, apresentou o plano A, que era jogar em profundidade o qual construiu três golos, apesar da felicidade de o auxiliar não ver o fora de jogo de Malgarejo e beneficiou ainda da direção casual das defesas incompletas de Caleb das quais resultaram o 2º e 3ºgolos.
Com a entrada de Carlos Martins e de Aimar, Jesus explicou que o Benfica pode jogar com um estilo diferente. Mais trabalhado e mais pensado. E tem toda a razão. Aimar e Carlos Martins pensam, trabalham e preparam melhor os lances. Aimar entrou, e após excelente passe de Carlos Martins, antes de tocar na bola, já estava a pensar em endossá-la para Nolito marcar. Depois, simplesmente isolou Rodrigo. Com esta folgada vitória o Benfica lidera. Se contratar Eliseu, fica ainda mais forte na luta pelo título.