O Clube de Futebol Metodologia TOCOF tem promovido exercícios físicos à distância para as camadas jovens, em resposta à paragem competitiva imposta pela pandemia de Covid-19, que não abala os laços comunitários.

“Juntámos os treinadores e gravámos vídeos com alguns exercícios para promover aos atletas e pais a prática desportiva em casa. A atividade foi bem aceite e, apesar de não ter muitas visualizações nas redes sociais, alastrou-se para outras modalidades e clubes de Odivelas”, explicou à agência Lusa Ricardo França, um dos técnicos do emblema lisboeta.

Suscitada pelo coordenador Valter Pinheiro, a iniciativa começou a ser discutida entre os 11 membros da estrutura técnica e diretiva do TOCOF na quarta-feira, dia em que o coronavírus foi declarado como pandemia pela Organização Mundial de Saúde e a Associação de Futebol de Lisboa (AFL) suspendeu todas as competições jovens.

“Temos partilhado esses vídeos a cada dois dias e o primeiro consiste em dar o maior número de toques na bola. Os atletas ou os pais têm ‘timings’ para publicar os seus resultados no Facebook, seja nas nossas páginas ou num grupo fechado. Analisamos e entregaremos prémios, assim que pudermos estar todos juntos”, contou.

Os exercícios visam “uma mensagem de esperança” para cerca de 200 crianças entre os quatro e os 19 anos, além de um grupo recreativo de progenitores, enquanto a doença de Covid-19 contabiliza mais de 5.700 mortes e 150 mil infeções pelo mundo, incluindo 169 casos confirmados em Portugal pela Direção-Geral da Saúde.

“Não é para fazer com base no prémio, mas numa perspetiva de quebrar esta rotina monótona e manter a ligação entre todos. Os prémios estão estipulados, mas não vamos revelar nada, até porque esse é o fator surpresa a apresentar a pais e miúdos. Queremos criar algum mistério, sem que as pessoas fiquem com ideias preconcebidas”, frisou.

A atividade, intitulada ‘C.F.M. TOCOF finta o Covid-19’, atrai petizes, traquinas, benjamins, infantis, iniciados, juvenis e veteranos e dá continuidade aos valores futebolísticos, inclusivos e humanistas propalados pelo clube, funcionando também como uma ‘mais-valia’ para Odivelas, eleita Cidade Europeia do Desporto em 2020.

“Não queremos criar futebolistas profissionais. Se tivermos um em cinco mil perfeito, mas preferimos preparar os adultos do amanhã com um bom suporte físico e boas ligações sociais, sobretudo num momento em que sair à rua e estar junto das outras pessoas parece ser um terror”, apontou Ricardo França, de 30 anos, há seis no TOCOF.

O acrónimo Treino de Otimização das Competências do Futebolista surgiu em 2009 pelas mãos de Bruno Baptista e Valter Pinheiro, dois professores do Instituto Superior de Ciências Educativas (ISCE), que trabalharam na formação do Benfica e do Sporting.

O clube anda com a casa às costas, ao ‘habitar’ em duas escolas do concelho de Odivelas, cujos campos foram dinamizados para dar asas ao sonho de várias crianças e fomentar a evolução de técnicos especializados, como Ricardo França, instrutor de fitness, licenciado em Educação Física e Desporto e mestre em Treino Desportivo pelo ISCE.

“Tínhamos as nossas próprias competições e participávamos em provas recreativas, mas há dois anos demos um salto competitivo. No ano passado, formámos uma equipa sub-12 de futebol de sete e este ano temos uma sub-11 e outra sub-13”, rematou.