Os jogadores de futebol têm um risco maior de desenvolver problemas neurológicos após os 65 anos do que o resto da população, aponta um estudo publicado esta sexta-feira (8) no Reino Unido.

O estudo SCORES, liderado por investigadores da Universidade de East Anglia (leste da Inglaterra), conta com testes feitos pela internet para avaliar remotamente as funções cognitivas e acompanhar a evolução do cérebro.

Cerca de 145 ex-jogadores profissionais participaram do estudo. Cinquenta e cinco deles têm mais de 65 anos.

Segundo as conclusões do estudo, ex-jogadores de futebol entre 40 e 50 anos apresentam melhores resultados do que a população em geral, mas a tendência inverte-se com a idade.

"É quando chegam aos 65 anos que as coisas começam a ficar piores. Os jogadores de futebol com mais de 65 anos têm os piores resultados em áreas como o tempo de reação, funções relacionadas com a capacidade de gerir situações inesperadas e de realizar várias coisas em simultâneo. São sinais claros de um declínio na saúde do cérebro", comentou o Dr. Michael Grey, que chefia o estudo SCORES.

Esta nova investigação vai de encontro às conclusões de um estudo realizada pela Universidade de Glasgow, que revelou que ex-jogadores de futebol corriam três vezes e meia mais risco do que a população em geral de morrer de uma doença neurodegenerativa, como demência ou doença de Parkinson.

Investigações desse tipo promoveram a consciencialização sobre o impacto das práticas desportivas na saúde do cérebro e levaram a apelos por uma melhor proteção dos jogadores de futebol.

O estudo SCORES continuará nos próximos anos e ganhará amplitude com uma amostra maior.

"Isso nos dará uma imagem muito clara do dano potencial causado pelos cabeceamentos na bola", explicou o Dr. Grey. O médico também tentará obter mais dados sobre os jogadores de futebol.

A família de Nobby Stiles, campeão mundial de futebol em 1966 com a Inglaterra e que morreu em 2020 vítima de demência, anunciou no mês passado que estava a pensar em processar a Federação Inglesa (FA), acusando-a de não ter protegido suficientemente os jogadores contra o risco de lesões cerebrais.

Recentemente tem sido levantadas questões sobre as consequências de certos desportos na saúde dos praticantes, como são os casos do boxe, do râguebi e do futebol americano.