O Mainz, da Liga alemã de futebol, anunciou hoje ter posto termo ao contrato com o seu jogador Anwar El Ghazi, depois de ter sido aberta uma investigação judicial com base nas mensagens sobre o conflito Israel-Hamas.

A procuradoria de Koblenz abriu a investigação após mensagens na rede Instagram em que o jogador apoiava os palestinianos, terminando com a frase "Do rio ao mar, a Palestina será livre", entendido por alguns como apelo à destruição de Israel e por outros como apelo à igualdade de direitos entre palestinianos e israelitas.

Agora, na rede X (ex-Twitter), o clube germânico diz que colocou "termo, com efeito imediato, à relação contratual com Anwar El Ghazi", reagindo às "declarações e posts do internacional neerlandês nas redes sociais".

Para a justiça de Koblenz, El Ghazi terá assumido um "discurso de ódio" nas mensagens em questão, publicadas em 17 de outubro.

El Ghazi já estava suspenso pelo clube, que se dizia disposto a reintegrá-lo, já que nas reuniões com a direção do Mainz se "distanciou da mensagem publicada na conta Instagram, apagada alguns minutos depois".

Na quarta-feira, o médio internacional neerlandês reafirmou a sua posição, também numa publicação no Instagram: "não lamento nada, ou não tenho remorsos, em relação à minha posição. Não me distancio do que disse ou do que defendo, hoje e até ao meu último fôlego, pela humanidade e pelos oprimidos".

El Ghazi, que estava sem clube, fora contratado em 22 de setembro pelo Mainz e jogou 51 minutos, em três jogos da Bundesliga.

De referir que o estádio do Mainz tem o nome de Eugen Saloman, um judeu que trabalhou no clube (foi afastado das funções que ocupava no clube pelo regime Nazi em 1933) e que viria a falecer em 1942, vítima do Holocausto.

O Mainz segue assim a mesma linha de vários clubes que criticaram os seus jogadores por mostrar apoio a causa palestiniana. O marroquino Youcef Atal foi afastado pelo Nice e, depois, castigado pela Liga Francesa de futebol com sete jogos de suspensão, após de ter feito uma publicação pró-Palestina a seguir aos ataques do Hamas em Israel que fizeram milhares de mortos.

Mazraoui, do Bayern Munique, foi colocado treinar à margem do plantel, depois de mostrar solidariedade para com o povo da Palestina nas redes sociais. Viria mais tarde, após reunir-se com a direção do clube, a pedir desculpas pela sua publicação e a ser reintegrado nos trabalhos.

Karim Benzema, outro jogador muçulmano que se colocou ao lado da Palestina, foi acusado pelo Ministro do Interior de França de pertencer a Irmandade Muçulmana, uma organização considerada como sendo terrorista por alguns países ocidentais.

Israel desencadeou uma guerra para "aniquilar' o Hamas, em reação ao sangrento ataque sem precedentes perpetrado em 07 de outubro pelo movimento islamita palestiniano, cujos elementos mataram pelo menos 1.400 pessoas, na sua maioria civis israelitas, próximo da fronteira com a Faixa de Gaza.

Segundo as autoridades israelitas, foram então feitos pelo menos 240 reféns, que continuam no território palestiniano.

O balanço hoje publicado pelo Hamas contabiliza 9.227 mortos, dos quais 3.826 crianças, devido aos bombardeamentos das forças israelitas a Gaza.