O Flamengo, 38 anos depois de seu primeiro título, busca coroar a nível continental uma temporada de futebol exuberante. O River Plate persegue seu quinto título da Libertadores e o fará como atual campeão, título conquistado após superar o arquirrival Boca Juniors na final do ano passado.
1. Jorge Jesus, pura estratégia
O português Jorge Jesus chegou ao Rio de Janeiro em junho deste ano, em plena Taça América, para assumir o comando técnico do Flamengo e a sua chegada revolucionou o estilo de jogo do clube mais popular do país.
Jorge Jesus chegou ao Brasil com estatuto de estrela em Portugal e conhecido por ser um gênio na tática e de forte personalidade, capaz de impor respeito imediato num balneário repleto de jogadores experientes e de talento mundial, algo que seu antecessor, Abel Braga, não soube aproveitar.
O Mengão estava perto da eliminação na Libertadores na fase de grupos e, ao mesmo tempo, aparecia na parte de cima da tabela do Campeonato Brasileiro, mas longe da liderança. Isso, somado ao desempenho aquém das expetativas dentro de campo e do investimento, precipitou a saída de Abel Braga.
Com Jesus, o Flamengo voltou à carga, e com engenho, assumindo a liderança do Brasileirão -tem 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado Palmeiras-, apostando num futebol ofensivo, intenso e na qualidade de jogadores com passagem pela Europa para dominar o cenário doméstico.
2. Gallardo, o 'Messi' técnico
Aos 43 anos, Marcelo Gallardo é o treinador de maior sucesso da história do River Plate.
Desde que assumiu o comando da equipa em junho de 2014, Gallardo, um ídolo dos 'adeptos milionários' como jogador nas décadas de 1990 e 2000, conquistou 10 títulos (sete internacionais e três domésticos) em 13 finais disputadas.
Com pouco mais de cinco anos no comando, Gallardo encarregou-se de mudar a história do River Plate ao dar à equipa uma identidade de jogo, elogiada pelos seus colegas, sendo mais baseada na força coletiva do que nas individualidades dos jogadores.
Um líder por natureza, Gallardo levou o River Plate ao título continental de 2015, quando venceu o Tigre mexicano, e de 2018, ao superar o arquirrival Boca Juniors.
Nas meias-finais da atual edição da Libertadores, um novo encontro com o Boca: vitória por 2-0 no Monumental e derrota por 1-0 na Bombonera. Um quinto título continental é o objetivo da temporada para o River, mas, para os adeptos, ter eliminado novamente os maiores rivais já valeu como um troféu.
3. Duelo de estilos
O River Plate tem apostado ao longo da era Gallardo num interessante jogo coletivo baseado no esquema 4-3-1-2, enquanto o Flamengo de Jesus transformou-se numa base de um 4-4-2 no qual brilha a dupla de ataque, formada por Gabriel Barbosa, o Gabigol, e Bruno Henrique.
A equipa de Gallardo tem grande dinâmica no meio campo, mais precisamente no talento de jogadores como Ignacio Fernández, Exequiel Palacios e o uruguayo Nicolás de la Cruz. Como trinco, Enzo Pérez é o responsável pela saída de bola e pelo apoio na frente.
No ataque, os 'milionários' costumam escalar o colombiano Rafael Santos Borré, com boa mobilidade, e Matías Suárez, veloz e de forte remate.
O Flamengo busca sempre a posse de bola, com uma intensidade de jogo muito alta, pressionando no campo o adversário e sempre à procura do golo. Uma união do estilo tático de Jesus com o talento do futebol brasileiro.
O goleiro Diego Alves, os laterais Rafinha e Filipe Luis, o zagueiro espanhol Pablo Marí, o volante Gérson e os atacantes Bruno Henrique e Gabigol têm experiência europeia, o que facilitou a adoção do estilo de jogo de Jesus.
4. Quintero e Diego, os reforços
Camisolas '10' clássicos, os regressos aos relvados dos lesionados Juan Fernando Quintero e Diego são as duas boas notícias para River Plate e Flamengo.
Quintero, autor de um golaço na final do ano passado contra o Boca Juniors, rompeu os ligamentos do joelho esquerdo em meados de março durante um jogo do Campeonato Argentino e só voltou a defender o River em outubro, após sete meses de recuperação.
Já o experiente Diego sofreu uma fratura no tornozelo esquerdo após uma falta do equatoriano Dixon Arroyo no jogo da primeira mão dos oitavos de final da Libertadores contra o Emelec, em final de julho, e voltou a estar à disposição de Jesus muito antes do previsto, entrando em campo inclusive na segunda mão das meias-finais contra o Grêmio, no mês passado.
5. Cai Santiago, Lima ressurge
Pela primeira vez em 60 anos de história a final da Taça Libertadores será disputada numa partida única.
Santiago havia sido a escolhida pela Conmebol em agosto de 2018 para sediar o jogo decisivo, mas uma inesperada crise social colocou em xeque o governo do presidente Sebastián Piñera, obrigando a entidade que rege o futebol sul-americano a promover uma mudança urgente.
Lima, com seu estádio Monumental (80.000 lugares), propriedade do clube Universitario de Deportes, apareceu como salva-vidas a 18 dias da final.
A capital inca havia sido descartada em maio para sediar a final da Copa Sul-Americana-2019 devido a uma crise económica da federação peruana de futebol, por má gestão após o Mundial da Rússia, em 2018.
Nas edições anteriores do maior torneio de clubes da Conmebol a definição do título era disputada em jogos de duas voltas, possivelmente com um terceiro jogo em sede neutra em caso de empate. Posteriormente foram implementadas os prolongamentos de 30 minutos e a decisão nas grandes penalidades.
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