Portugal alcançou, na sexta-feira, a melhor posição de sempre no 'ranking' FIFA de seleções femininas de futebol. A seleção portuguesa subiu dois lugares e aparece, agora, na 30.ª posição da tabela, que continua a ser liderada pelos Estados Unidos. Um dia depois, o dérbi feminino entre Sporting e Benfica, jogo solidário para com as vítimas do ciclone Idai em Moçambique, bateu o recorde de assistência em jogos da modalidade em Portugal: 15.204 espectadores.

Veja as imagens do dérbi solidário entre Sporting e Benfica

Para Cláudia Neto, capitã da equipa lusa, este é o reflexo "de muito trabalho e dedicação" por parte de quem trabalha em prol do futebol feminino, modalidade que, na opinião da jogadora, atravessa a melhor fase de sempre.

"É uma sensação muito boa [atingir a melhor posição de sempre no ranking], é um indicador que estamos no caminho certo. O futebol feminino está a crescer cada vez mais e prova disso é a aposta dos grandes clubes na modalidade. Na minha opinião, sem dúvida que este é o melhor momento da modalidade em Portugal, juntamente com o histórico europeu alcançado em 2017", admitiu Cláudia Neto ao SAPO Desporto.

Apesar de tudo, a médio do Wolfsburgo nota que ainda há um longo caminho a percorrer. "O objetivo é subir mais no ranking, e assim aproximar-nos das melhores seleções do mundo", afiança a atleta, que soma 119 internacionalizações por Portugal.

As imagens de um dia histórico: nunca um jogo de futebol feminino entre clubes teve tantos espectadores
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Lá fora, o futebol feminino também cresce a olhos vistos. Em Espanha, o duelo entre Atlético de Madrid e Barcelona, realizado no passado dia 17 de março, tornou-se no jogo de futebol feminino de clubes com mais assistência do mundo, registando 50.212 espectadores. Os bilhetes para a final do Mundial deste ano foram vendidos em apenas uma hora. Claúdia Neto não tem dúvidas: a percepção da modalidade mudou.

"As pessoas já entendem que o futebol não é só para homens e gostam cada vez mais de assistir a um jogo feminino. Acredito que nós, jogadoras, temos um papel fundamental na mudança de mentalidades. Por outro lado, a profissionalização do futebol feminino deixa-nos mais bem preparadas para poder oferecer ao público um grande espetáculo de futebol", considera.

"Em Portugal, o trabalho dos clubes juntamente com a FPF tem dado frutos, gerando um maior interesse da comunicação social, que é fundamental também para o crescimento do futebol feminino português. Seria fantástico um dia podermos ter uma liga profissional", revela.

Cláudia Neto ao serviço do Wolfsburgo
Cláudia Neto ao serviço do Wolfsburgo Cláudia Neto ao serviço do Wolfsburgo créditos: AFP

Após passagens pelo futebol espanhol (Prainsa Zaragoza e Espanyol) e sueco (Linkoping), Cláudia Neto veste agora a camisola de uma das melhores equipas femininas do mundo. O Wolfsburgo lidera o campeonato alemão e falhou recentemente o acesso às meias-finais da Liga dos Campeões, frente ao Lyon, vencedor das últimas três edições da prova.

"Estar numa das melhores equipas do mundo exige muito de nós, tanto fisicamente como mentalmente, mas está a ser uma experiência muito boa, a realização de um sonho. Este ano a Liga dos Campeões teve um sabor amargo para nós, uma final antecipada entre as duas melhores equipas do mundo. Foi triste mas vamos continuar a trabalhar para chegar à final no próximo ano e ganhar esse título europeu tão desejado", garante a internacional lusa, acrescentando que a Alemanha tem "uma liga profissional muito forte, que consegue mobilizar muitos adeptos".

Na sequência da boa campanha no Wolfsburgo, Cláudia Neto foi a única futebolista portuguesa a integrar o 'top 100' do reconhecido jornal 'The Guardian' pelo terceiro ano consecutivo, ocupando o 75.º lugar em 2018. Um motivo de orgulho para a experiente jogadora.

"Espero com isso poder inspirar jovens jogadoras que sonham um dia chegar ao topo do futebol. Dá-me motivação para continuar a lutar pelos meus objetivos e a honrar o meu país", revela a médio, que sonha terminar a carreira em Portugal.