O Sporting falhou um dos grandes objetivos da época ao não conseguir entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões. Os "leões" perderam na Rússia por 3-1 com o CSKA Moscovo, depois de terem batido os russos em Alvalade há uma semana por 2-1. Uma segunda parte desastrosa deitou tudo a perder, numa eliminatória em que as decisões de arbitragem pesaram e muito no desfecho final, como prejuízo claro para o Sporting. Faltou também alguma experiência.
Antes do encontro começar, havia muita estatística para o Sporting contrariar: não vencia fora em competições da UEFA há 14 jogos; tinha um empate e uma derrota nas duas anteriores deslocações à Rússia; Jesus perdera sempre na Rússia e já havia sete jogos que uma equipa portuguesa não ganhava em solo russo. Até podia dar-se o caso de parte destes números estatísticos continuassem, desde que permitissem ao Sporting seguir em frente. Uma derrota pela margem mínima mas com dois golos dos leões podiam ser suficientes para entrar na liga milionária.
A entrada até foi boa. Com Aquilani ao lado de João Mário e Adrien no meio-campo, Jesus tentou segurar o meio-campo, ter mais bola, sair com mais segurança para o ataque, onde estavam Bryan Ruiz, Carrillo e Téo. Slimani foi o sacrificado.
Os "leões" dominaram na primeira meia hora, jogando no meio-campo contrário, criando algum perigo com Carrillo, Teo e João Mário, o médio que mais se soltava do trio do meio-campo. O golo de Téo aos 37 minutos, a passe de João Pereira, premiava a boa entrada leonina. Mas antes o CSKA podia ter marcado por Doumbia, num remate que saiu ao lado.
Com 45 minutos para jogar e em vantagem por 3-1 na eliminatória, poucos adeptos leoninos imaginavam o que viria a acontecer. O descalabro começou cedo, logo aos 50 minutos, quando Doumbia aproveitou toque involuntário de Adrien para Rui Patrício para empatar. O primeiro remate do costa-marfinense foi defendido pelo guarda-redes mas a bola ressaltou no braço do avançado e entrou. Um golo conseguido de forma irregular que o árbitro nunca devia ter validado.
O golo teve o condão de acordar ainda mais o CSKA Moscovo, que passou a acreditar que podia dar a volta ao jogo. O Sporting, esse, descontrolou-se, passou a perder a bola na saída para o ataque. Jesus pediu para a equipa subir no terreno, passando a atuar com uma defesa muito alta. A ideia passava por pressionar os russos perto do meio-campo, mantendo-os longe da baliza. Mas uma equipa que tem avançados rápidos como Musa, esta estratégia acaba por ser um pouco suicida, como se viu no golo do 2-1, aos 72. Dzagoev meteu a bola nas costas da defensiva do Sporting para o rapidíssimo Musa que bateu Paulo Oliveira em velocidade e serviu Doumbia de bandeja para o 2-1. No lance, é possível ver que a defensiva do Sporting não estava alinhada, com Naldo quase ao lado de Doumbia, mais perto da área sportinguista, o que fez com que Musa ficasse em jogo no momento do passe.
Faltavam 18 minutos e estava tudo empatado. Jesus aproveitou para trocar de avançado, colocando Slimani no lugar de Téo Gutiérrez. Nesta altura, o técnico já pensava no prolongamento, como sublinhou na zona de entrevistas rápidas após o jogo. E podia nem precisar de tal se o árbitro tivesse validado um golo a Slimani, aos 82 minutos. Depois de um canto de Carrillo, o argelino ganhou nas alturas e marcou. Só depois de a bola estar no fundo da baliza é que o árbitro auxiliar levantou a bandeirola para assinalar que a bola tinha feito um arco para fora antes de chegar a cabeça do avançado. Uma decisão muito discutível já que não é possível ver nas imagens se a bola saiu ou não. E não se percebe que só tenha levantado a bandeirola depois de a bola estar no fundo da baliza do CSKA Moscovo.
Dois minutos depois, num ataque organizado dos russos, Dzagoev serviu o rapidíssimo Musa na área para o 3-1. A velocidade do nigeriano foi crucial, para bater a defensa em linha do Sporting e rematar para o fundo da baliza. Jesus respondeu, fazendo entrar Mané e Montero mas já era tarde.
O Sporting acabou por perder uma eliminatória que teve no “bolso” mas deixou fugir. Em termos financeiros é um duro golpe já que só a entrada na fase de grupos valia 12 milhões, a que se juntam os quase dois milhões pela presença nos play-off. Ainda há que contar com o montante que o clube iria receber em direitos televisivos, caso tivesse garantido a presença na fase de grupos. E ainda o que podia amealhar por cada vitória ou empate, sabendo que um triunfo vale 1,5 milhões de euros e o empate vale 500 mil euros.
No final do encontro, Jorge Jesus lamentou os erros defensivos na segunda parte e sublinhou que a equipa agora irá concentrar-se na Liga Europa e nas competições internas em Portugal. Mas na conferência de imprensa "carregou" sobre a arbitragem, por entender (e com razão) que os erros dos árbitros acabaram por ditar o afastamento da sua equipa. Recorde-se que em Alvalade ficou por marcar uma grande penalidade por clara mão na bola de um defensor russo dentro da área do CSKA. Esta quarta-feira, além do primeiro golo dos russos ter sido marcado com a mão, foi anulado um golo a Slimani que daria o 2-2 aos 82 minutos.
Adrien Silva e João Pereira também lamentaram o facto de a equipa ter cometido demasiados erros na defesa que ditaram o afastamento.
O CSKA Moscovo consegue assim uma importante vitória e entrada na fase de grupos da Champions. Os russos não ganhavam em casa em provas da UEFA há seis jogos.
Já o Sporting aumentou para nove os jogos sem vitória de uma equipa portuguesa na Rússia. Há quatro anos que nenhum clube luso vence em solo russo (FC Porto foi o último a consegui-lo). Desde 2011 que os "leões" não vencem fora na UEFA. Já são 15 jogos. Ao quarto jogo, Jesus somou a quarta derrota na Rússia.
Comentários