Pouco mais de um ano depois o FC Porto reencontrou o Atlético de Madrid na Liga dos Campeões. Foi também na capital espanhola que os dragões começaram a sua campanha na edição da 'Champions' do ano passado, tendo saído na altura com um empate a zero.
Num grupo onde estão também o Club Brugge e o Bayer Leverkussen, o jogo diante dos 'colchoneros' ganhava ainda mais importância; um resultado positivo no Wanda Metropolitano poderia ser o início do caminho dos dragões rumo aos oitavos de final da liga milionária.
Depois de uma primeira parte muito equilibrada e sem grandes motivos de interesse, o segundo tempo trouxe toda a emoção de um jogo de 'Champions', especialmente nos minutos finais onde o resultado mudou por três ocasiões no espaço de dez minutos. No final (mesmo no final) foi o Atlético de Madrid a sair com a vitória por 2-1, alcançada no último lance da partida, e que deixou a equipa de Diego Simeone no topo do grupo B, juntamente com o Club Brugge.
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Balizas procuram-se
Tal como seria de esperar, a primeira parte pautou-se por um teimoso equilíbrio, como acontece com aqueles nós que, por mais que tentamos, não conseguimos desatar tão apertados que estão; ambas as equipas mostravam grande respeito pelo adversário e procuravam não fugir do plano delineado.
Depois de nos primeiros minutos o Atlético ter tido a iniciativa de jogo, os dragões foram gradualmente ajustando-se ao jogo dos madrilenos, acabando por dividir as despesas da partida.
Este nivelamento dos pratos da balança não foi sinónimo de oportunidades de golo, muito pelo contrário; um remate de ângulo praticamente nulo de Evanílson outro de Koke que morreu nas mãos tranquilas de Diogo Costa foram os únicos lances de relativo perigo.
No último minuto da primeira parte Taremi chegou a assustar quando fugiu de Gimenez já dentro da área, mas o cruzamento venenoso do iraniano não encontrou Evanilson, perdendo-se assim o que seria uma excelente oportunidade para os azuis-e-brancos chegarem ao golo.
Dez minutos que valeram por 100
No segundo tempo o Atlético voltou com outra atitude; Simeone deixou Carrasco e Molina nos balneários e fez entrar Lemar e De Paul para os seus lugares, procurando assim maior agressividade e acutilância ofensiva.
Tal ousadia - algo raríssimo em Simeone, diga-se - parecia ter dado os seus frutos logo nos primeiros minutos quando, depois de um cruzamento de De Paul na direita, a bola sobrou para a entrada da área para Koke que, com um remate de primeira, fez a bola entrar no fundo das redes de Diogo Costa.
Contudo a festa foi curta pois o árbitro Szymon Marciniak foi prontamente notificado de que De Paul estaria em fora-de-jogo quando recebeu o passe para o cruzamento. O susto como que acordou o FC Porto que, após o primeiro quarto de hora de domínio 'colchonero', conseguiu reagir e tomar conta da partida.
Aí os dragões colecionaram uma boa porção de oportunidades para marcar que acabaram desperdiçadas; primeiro foi Eustáquio que obrigou Oblak a voar após um forte remate do médio canadiano, pouco depois foi o recém-entrado João Mário, completamente solto na direita a obrigar novamente o guardião esloveno a aplicar-se. O dragão era dono e senhor da partida e o golo parecia estar a adivinhar-se...até que tudo começou a descambar.
Aos 73 minutos, e depois de uma disputa de bola aparentemente normal com Hermoso, o FC Porto viu-se privado de Otávio; o médio lesionou-se no pescoço, tendo mesmo de ser imobilizado com uma coleira cervical e transportado para um hospital.
Cinco minutos volvidos e foi a vez de Tahremi dar um verdadeiro tiro no pé; ao entrar na área do Atlético, o avançado iraniano terá provocado o contacto com Witsel, ação que o árbitro Szymon Marciniak entendeu como simulação, e que levou a amostragem do segundo amarelo, e consequente vermelho, ao número nove dos dragões.
Apesar de jogar com menos um, o FC Porto nunca alterou a sua postura e maneira de jogar, continuando a pressionar o adversário longe da sua baliza e procurando também atacar a área adversária. Todavia, a vantagem numérica deu outro ânimo ao Atlético de Madrid que partiu com outro fôlego em busca do golo.
Devido às paragens ocorridas durante a segunda parte, principalmente durante a assistência a Otávio, foram dados nove minutos de desconto...e foi aqui que o jogo finalmente ganhou vida e levou todos aqueles que assistiram ao mesmo numa montanha russa de emoções que só terminou com o apito final.
Aos 92 minutos uma jogada de ataque do Atlético pela zona central levou a bola aos pés de Mário Hermoso que, perante a oportunidade, não se fez rogado e rematou; o tiro do defesa não parecia ameaçador, contudo João Mário, que se colocara à frente de Hermoso para impedir o golo, acabou por contribuir para o mesmo quando o remate embateu nas pernas do lateral direito portista, levando a bola a passar por cima de Diogo Costa que apenas teve tempo de olhar, impotente, enquanto a bola se aninhava no fundo das redes do dragão.
O primeiro estava feito e, na altura, julgava-se que estava encontrado o vencedor da partida. Ora se tal já parecia certo, a verdade é que ninguém o disse aos jogadores do FC Porto. Com efeito, e mesmo com menos um jogador, os bravos dragões correram atrás do resultado, partindo para cima do Atlético em busca do empate.
Tal bravura acabou por surtir efeito aos 95 minutos; um lançamento longo da esquerda para dentro da área levou a bola até Hermoso; o autor do golo do Atlético passou de herói a vilão dos 'colchoneros' num abrir e fechar de olhos quando, após dominar a bola com o peito, a ajeita com o braço, levando Szymon Marciniak a assinalar grande penalidade. Da marca dos onze metros, e com toda a ansiedade dos adeptos portistas sobre os ombros, Uribe não tremeu e restabeleceu a igualdade no marcador.
Aquilo que parecia impensável há menos de cinco minutos atrás era agora uma realidade e o FC Porto parecia que iria sair de Madrid com pelo menos um empate. A verdade é que os homens de Sérgio Conceição não pareciam satisfeitos apenas com o empate, tendo mesmo procurado construir lances de perigo para a baliza dos da casa.
Contudo o golpe de teatro final estava reservado para o último suspiro do jogo; foi aos 101 minutos (!) que a Lei de Murphy se manifestou no Wanda Metropolitano em todo o seu esplendor (ou horror, conforme a perspetiva).
Um canto da esquerda encontrou Witsel ao primeiro poste; o belga cabeceou para trás na direção de Griezmann que, totalmente solto no segundo poste, apenas teve de empurrar de cabeça para o fundo da baliza do desamparado Diogo Costa. Qualquer coisa que poderia correr mal acabou mesmo por correr, e na pior altura possível.
Um balde de água glaciar (juntamente o próprio Murphy) caíam sobre um dragão que não as merecia depois de tudo pelo que passou ao longo do jogo. Com esta amarga derrota, o FC Porto está no último lugar do Grupo B, juntamente com o Bayer Leverkussen. Na próxima jornada os dragões recebem o Club Brugge no Estádio do Dragão, jogo de onde é imperativo sair com os três pontos.
O momento: O início do fim
O jogo entrava no seu último quarto de hora quando, num lance fortuito, Otávio acabou por ficar gravemente lesionado. O médio foi obrigado a sair imobilizado e seguiu para o hospital; os dragões perderam um dos seus elementos fundamentais no meio-campo, e peça nuclear nas transições ofensivas dos dragões. Desde então o FC Porto nunca mais foi o mesmo e ressentiu-se da ausência do número 25.
O melhor: O exemplo do capitão
Pepe foi sempre uma barreira intransponível para o Atlético de Madrid. Ao longo da partida são inúmeros os cortes e interceções do central português. Incansável e voluntarioso, o internacional de 39 anos ainda teve energia para, já em período de compensação, fazer um sprint de mais de 60 metros quando os dragões partiram para um ataque rápido. Um verdadeiro exemplo.
O pior: O mergulho para o desespero
Não se pode dizer que Taremi tenha feito um mau jogo. À semelhança dos seus colegas, o iraniano mostrou sempre muita disponibilidade física para pressionar o Atlético logo à saída da sua área e até ajudar a equipa nas bolas paradas defensivas. Todavia, o lance dentro da área dos madrilenos já bem perto do minuto 90, e numa altura em que o FC Porto dominava a partida acabou por se revelar decisiva para o desfecho do jogo. Uma atitude totalmente desnecessária que acabou por deixar os dragões com dez até final.
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