O selecionador Francisco Neto enalteceu hoje a exibição da seleção feminina de futebol frente aos Estados Unidos, em Auckland, na Nova Zelândia, onde empataram 0-0 e mostraram a “mulher valente” que é a portuguesa.
“Não temos muito a noção do que se está a passar em Portugal. Sentimos muito o apoio, mas quero crer, depois de ver este jogo, de o sentir lá dentro, que quem viu o jogo só tem de estar orgulhoso”, afirmou o técnico, na conferência de imprensa após o terceiro e último jogo no Grupo E do Mundial2023, que ditou o afastamento da estreante seleção lusa da prova, mas resultou no primeiro empate frente às norte-americanas, recordistas de triunfos na prova, em 11 jogos.
Nesse sentido, Neto apontou a seleção feminina de 2023 como uma inspiração para o país.
“As pessoas todas em Portugal vão rever-se no comportamento e na atitude destas jogadoras. Independentemente do resultado, a forma como elas competiram bravamente durante estes 98 minutos, como pressionaram sem medo, sem receios, à imagem do que é a mulher portuguesa, uma mulher valente, uma mulher que não tem medo de nada e que quando tem as suas oportunidades, olhos os olhos, encara as coisas com quem quer que seja. E hoje foi essa prova, foi a afirmação, mais uma vez, para quem não andava desperto para a qualidade da jogadora portuguesa, da mulher portuguesa, foi uma afirmação internacional”, vincou.
O empate ‘esbarrou’ num remate ao poste de Ana Capeta, aos 90+1, naquela que foi a melhor oportunidade de golo do jogo.
“Foi o nosso melhor jogo no Mundial. Quando a Ana [Capeta] rematou [ao poste] já estava a pensar que seria golo, no que o Valtko [Andonovski, selecionador dos Estados Unidos] iria fazer e no que teria de fazer para o travar. Porque, juro, acreditei mesmo que seria golo e comecei logo a pensar no que teria de fazer a ganhar 1-0”, explicou.
O selecionador partilhou com os jornalistas o misto de sensações que este desfecho provocou.
“Disse às jogadoras que estava muito orgulhoso. Claro que estamos tristes, porque tínhamos expectativas enormes. Quando temos este ambiente na equipa, quando são tão próximas, tão coletivas e jogam tão bem, e sentimos que poderíamos ser, provavelmente, a primeira equipa no mundo a eliminar os Estados Unidos na fase de grupos, era uma grande oportunidade para nós, mas infelizmente vamos embora”, lamentou.
O técnico tinha pedido para que a seleção portuguesa não se amedrontasse frente aos Estados Unidos, atuais bicampeões do mundo, vencedores de quatro das oito edições da prova, que nunca caíram antes das meias-finais e, com a igualdade de hoje, somam oito empates em 52 jogos, tendo apenas perdido quatro.
“Esta não foi nossa primeira exibição assim. Mas claro que esta foi uma das melhores de sempre. Não foi apenas um trabalho de observar o jogo dos Estados Unidos conta os Países Baixos. Observámos os últimos 20 jogos dos Estados Unidos, especialmente todos os jogos sob o comando do Vlatko [Andonovski]. São muito fortes nalguns pontos, mas também têm pontos mais fracos. Sobre os nossos objetivos, temos de mudar a nossa mentalidade. Não podemos ter medo de jogar estes jogos, de pressionar alto contra estas equipas e fizemo-lo bem, mas não marcámos e por isso vamos para casa. Parabéns aos Estados Unidos”, rematou.
Francisco Neto prometeu recordar, tal como na estreia em campeonatos da Europa, a primeira vez que o hino nacional ecoou numa fase final de uma grande competição feminina.
“A primeira vez que ouvimos o hino [é a principal memória que levo]. Foi o nosso primeiro Mundial, por isso levo esse jogo, a primeira vez. O mesmo quando, em 2017, jogámos contra Espanha [no Europeu], na primeira vez que esta equipa esteve lá. E agora a primeira vez que estivemos aqui e pudemos cantar o nosso hino, vou recordar esse momento”, assegurou.
Apesar de ter empatado pela primeira vez frente à seleção norte-americana, ao 11.º jogo, e no primeiro oficial, a seleção portuguesa termina o agrupamento no terceiro posto, com quatro pontos, a três de Países Baixos, que hoje golearam o Vietname (7-0), e a um dos Estados Unidos, que avançam para os oitavos de final.
Portugal encerra a estreia em Mundiais, na nona edição, após um desaire por 1-0 frente às neerlandesas e a primeira vitória de sempre em fases finais, com o triunfo frente às vietnamitas por 2-0, com golos Telma Encarnação e Kika Nazareth.
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