Mundial sem Portugal é um cenário estranho
Portugal só esteve em dois Mundiais (1966 e 1986) e outros tantos Europeus (1984 e 1996) antes de 2000, falhando 21 fases finais, mas, desde então, já vai em 11 presenças seguidas, incluindo o Euro2004, que disputou como anfitrião.
Em contraste com quatro presenças nas primeiras 26 edições – não disputou a qualificação para o Mundial de 1930 -, Portugal está, assim, muito perto de um perfeito ’12 em 12’ e de manter, ‘lá longe’, o último falhanço, o Mundial de 1998.
Portugal vive desde 2000 o melhor período da sua histórica futebolística, já que conquistou em 2016 o seu primeiro título de sempre, o Europeu, para adicionar em 2019 a vitória na edição inaugural da Liga das Nações.
A formação das ‘quinas’ ainda soma mais três presenças em meias-finais (Europeus de 2000 e 2012 e do Mundial de 2006), mas é, ainda assim, deste quarteto ‘omnipresente’ em fases finais, a seleção que, neste período, tem pior currículo.
Macedónia espera chegar a um Mundial pela primeira vez
A formação macedónia chega ao confronto com o conjunto luso com esta histórica vitória no currículo e uma outra muito significativa, a que conseguiu na casa da Alemanha, por 2-1, no Grupo J da fase de qualificação, que fechou no segundo posto.
Independente desde 1991, ano em que se separou da Jugoslávia, a Macedónia do Norte só esteve presente na fase final de uma grande competição, precisamente a última, o Euro2020, disputado em 2021, no qual somou três derrotas, em três jogos.
O onze provável montado por Fernando Santos
Portugal é, assim, um favorito indiscutível, total, absoluto, sendo que tudo o que não seja o apuramento para a fase final do Mundial2022 será um enorme fracasso, um indesculpável falhanço, nesta segunda ‘vida’, após o 1-2 com a Sérvia.
Face ao que se viu em Palermo, o que se espera no Dragão é um jogo de sentido único, rumo à baliza de Stole Dimitrievski, guarda-redes do Rayo Vallecano, em que será preciso muita paciência, sobretudo se o golo não surgir depressa.
Quanto ao ‘onze’, podem acontecer mexidas, nomeadamente porque João Cancelo já pode ser utilizado, sendo opção para substituir qualquer dos laterais (Diogo Dalot ou Raphaël Guerreiro).
Por seu lado, o central Pepe, que falhou o jogo com os turcos devido a um positivo à covid-19, poderá, eventualmente, regressar ao ‘onze’, o que, em princípio, relegaria Danilo Pereira para o banco. Também não seria surpresa se ‘caísse’ José Fonte.
De resto, é possível que Diogo Costa, a maior surpresa face aos turcos, continue na baliza, face à boa resposta que deu, também não se prevendo grandes mudanças no meio-campo e ataque.
Num jogo que será de ataque constante, o meio-campo poderá manter-se com João Moutinho, mais recuado, Bernardo Silva e Bruno Fernandes e, na frente, Otávio, que também foi surpresa no ‘onze’ e respondeu com um golo e uma assistência, não deve sair, tal como Diogo Jota e Cristiano Ronaldo.
O ‘capitão’, que soma os impressionantes registos de 115 golos e 185 jogos pela seleção ‘AA’, foi, claramente, o ‘elo mais fraco’ face aos turcos, mas, segundo Fernando Santos, fez um jogo “tremendo”, pelo que é presença certa no ‘onze’. João Félix, Rafael Leão ou André Silva vão ter de esperar.
Histórico de Confrontos
Portugal soma uma vitória e um empate nos confrontos com a Macedónia do Norte, mas apenas um golo marcado.
Na neutra Lausana, na Suíça, em 02 de abril de 2003, no terceiro jogo da ‘era’ Luiz Felipe Scolari, Portugal derrotou os macedónios por 1-0, graças ao golo 28 na seleção ‘AA’ do então regressado de Luís Figo, apontado aos 24 minutos, na sequência de um passe de calcanhar de Sérgio Conceição.
A seleção lusa pode queixar-se de algumas falta de sorte, nomeadamente nos cabeceamentos de Pauleta e Costinha aos ‘ferros’, mas também só venceu porque Ricardo parou dois ‘tiros’ de Sakiri e teve uma saída preciosa aos pés de Grozdanovski.
Se neste primeiro encontro com a Macedónia do Norte, Portugal só conseguiu um golo, no segundo, quase uma década depois, em 26 de maio de 2012, num particular realizado em Leiria, o ‘onze’ de Paulo Bento nem o ‘nulo’ logrou desbloquear.
Na preparação para o Euro2012, coincidentemente uma semana antes de um 1-3 com a Turquia, na Luz, Portugal foi dececionante e acabou brindado com muitos assobios por parte do público português, durante a segunda parte e em especial no fim.
O que disseram o selecionador e o capitão de Portugal
Na antevisão ao encontro o selecionador nacional, Fernando Santos, sublinhou a importância da partida.
"Eles têm jogadores muito rápidos e, quando iniciam a manobra ofensiva, tentam sempre sair a jogar através do guarda-redes. Quando não conseguem, colocam a bola mais longa porque também têm essa capacidade. Conhecemos bem a Macedónia e temos de responder à altura. Este até pode ser o jogo das vidas deles, mas para nós também é, e é assim que temos de responder, com entrega, determinação, intensidade, espírito de sacrifício e vontade", sublinhou.
Cristiano Ronaldo, capitão da seleção, deu conta da confiança entre a ‘equipa das Quinas'.
"A equipa está bastante confiante. Todos queríamos disputar esta final e estamos muito motivados. Sabemos da importância deste encontro. E queria agradecer desde já a demonstração de apelo incondicional que o público teve na passada quinta-feira e espero que amanhã [terça-feira] seja igual ou maior, e que esse apoio comece logo desde o momento do hino. Eu ontem fui para a cama a pensar nisto: ‘Gostava que no estádio começasse a tocar a música do hino nacional e depois parasse. E a partir daqui fossemos nós todos a cantar o resto do hino, sem música, para assim ver a força de todos nós’. Espero que possamos fazer isto. Se os portugueses estiverem connosco como estiveram na quinta-feira, acredito que vamos ganhar", garantiu.
O terceiro embate entre Portugal e Macedónia do Norte, da final do caminho C dos 'play-offs' europeus de acesso à fase final do Mundial de 2022, realiza-se na terça-feira, pelas 19:45, no Estádio do Dragão, no Porto.
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