Não há vitórias morais no futebol, mas o Sporting vinha de uma bela exibição em Madrid - pese embora a derrota - e chegava a Vila do Conde bem encaminhado para segurar a liderança isolada da Liga. No entanto, a noite de domingo viria a ser tudo menos previsível para a equipa de Jorge Jesus.

Desde logo, as várias mudanças por parte do técnico leonino na equipa inicial, justificadas pelo nível de exigência do encontro do Santiago Bernabéu, resultaram numa equipa com pouca clarividência, em particular no ataque e nas laterais defensivas. André e Alan Ruiz mal se viram, assim como Joel Campbell. Bruno César e Schelotto não souberam contrariar as 'ganas' da equipa de Capucho e acabaram por comprometer.

A equipa da casa, pelo contrário, mantinha praticamente o 'onze' que vinha de duas vitórias consecutivas na Liga e evidenciou ainda o alto nível de motivação por defrontar um 'grande', devidamente galvanizada por Capucho, que terá certamente indicado aos jogadores que era perfeitamente possível derrotar este Leão na ressaca da deslocação à capital espanhola.

Comandados por um Gil Dias impressionante, os vilacondenses criaram perigo desde o arranque da partida, souberam suster as (modestas) tentativas do Sporting e feriram o Leão em dose tripla ainda antes do intervalo, praticamente sentenciando o jogo em 45 minutos.

A equipa leonina melhorou no segundo tempo, com as entradas de Bryan Ruiz e Bas Dost, mas não conseguiu mais do que reduzir a desvantagem já depois dos 80 minutos, em nada afetando a grande exibição dos vilacondenses.

Momento-chave

O segundo golo do Rio Ave. Pouco depois de já terem surpreendido com o primeiro golo, os vilacondenses chegaram ao segundo num belo lance de Gil Dias finalizado por Guedes, demonstrando que o 1-0 não havia sido fruto do acaso. Gil Dias recebeu a bola no peito, segurou-a e arrancou pelo centro, servindo Guedes, que finalizou sem hesitar perante Rui Patrício.


Jogadores em destaque

Gil Dias, pela positiva: o avançado cedido pelo Mónaco, natural da Gafanha da Nazaré, cativou todos em Vila do Conde, jogando sem medo perante o líder do campeonato. Jogou, deu a jogar e terminou o encontro com um golo e uma assistência. Um talento a seguir com muita atenção ao longo do campeonato.

Bruno César, pela negativa: a aposta de Jesus no brasileiro para o lado esquerdo da defesa foi um tiro ao lado. Bruno César perdeu quase todos os duelos com Gil Dias e nunca conseguiu transmitir confiança a nível defensivo.

Vozes dos protagonistas

Nuno Capucho e a eficácia: "O que costumo dizer é que um pequeno pormenor define uma situação, nestes jogos equilibrados. Marcámos três golos e podíamos ter feito mais".

Jorge Jesus e a passagem da Champions para a Liga: "Mudar o 'chip' é complicado, por muito que tentes passar a mensagem... isso foi um facto".

Gil Dias e a prestação do Rio Ave: "O jogo correu-me bem, mas se não fosse a equipa não era assim. Não vou classificar a minha prestação, isto foi trabalho de equipa e de 0 a 20 a equipa teve 20".

Adrien e a análise da partida: "Grande eficácia do adversário. Nas poucas oportunidades que tiveram, conseguiram finalizar. Criámos oportunidades, mas não tivemos a mesma eficácia do adversário".

Curiosidade

O Sporting não sofria três golos numa partida desde fevereiro, quando perdeu por 3-1 diante do Bayer Leverkusen na Liga Europa.