Foram três mas podiam ter sido mais. O Benfica 'dormiu' na liderança da I Liga ao vencer no sábado o Boavista por 3-0 na Luz, na 23.ª jornada da prova. Os encarnados não sentiram dificuldades para derrotar o 'lanterna vermelha' da prova, num jogo onde Bruno Lage voltou a dar-se bem com as muitas mudanças operadas no onze.

Na estreia de xadrez, Vaclik foi o Melhor em Campo, ao rubricar uma exibição para mais tarde recordar. O Benfica só não venceu por outros números porque o guardião internacional checo não deixou.

O Benfica passa a ter mais um ponto que o Sporting (54 contra 53) e fica à espera para ver o que o Leão mais logo diante do AVS.

FOTOS: O Benfica-Boavista em imagens

O Jogo: Vaclik -  do desemprego para a ribalta

Bruno Lage voltou a chamar a si a razão da gestão do plantel do Benfica, num momento crucial da época e com vários jogadores lesionados. O técnico mexeu em seis peças no onze em relação ao jogo com o Mónaco a meio da semana, até mesmo na baliza, e nem por isso o Benfica perdeu identidade, tal como tinha feito diante do Santa Clara antes da receção ao Mónaco. Os adeptos criticaram a opção de fazer descansar as principais peças, mas nem por isso o Benfica deixa de ganhar.

Ontem, na Luz, os encarnados foram pacientes perante o esquema defensivo montado pelo Boavista, procurando brechas na defensiva axadrezada, tentando de longe, de perto, em profundidade, com combinações por dentro, enfim, de todas as formas para tentar chegar ao golo.

O jogo era de sentido único, com o Boavista a mostrar que não é por ter tantos jogadores a defender que se defende melhor. O Benfica acabou o jogo com 14 remates à baliza (igualado recorde na I Liga, que lhe pertencia, frente ao Rio Ave), com o recorde de oportunidades flagrantes criadas (igualado o recorde, segundo o GoalPoint), num jogo onde fez 31 remates.

A pressão e dinâmica encarnadas afundaram o Boavista no seu último reduto, como mostram as 45 ações com bola dos encarnados na área dos axadrezados, segundo o GoalPoint.

A expulsão de Reisinho no início do segundo tempo facilitou a tarefa dos encarnados, mas por essa altura já o Benfica tinha criado um punhado de oportunidades claras de golo, negadas quase todas por um quase intransponível Thomas Vaclik.

O guarda-redes checo estava desempregado há nove meses, quando terminou o seu contrato com o Albacete. "Estou muito feliz por voltar a jogar, foi muito duro estar tanto tempo sem emprego e sem jogar. Obrigado ao Boavista pela oportunidade", agradeceu o guardião de 35 anos, no final do jogo.

Fez muito bem o Boavista em resgata-lo, já que parece ser, por enquanto, o verdadeiro reforço de inverno, dos nove inscritos depois do fecho do mercado, após a FIFA ter levantado o impedimento de inscrição de novos atletas dos axadrezados.

Quando Belotti abriu o ativo aos 28 minutos, já o internacional checo contava com cinco defesas, numa tarde que só não foi de sonho porque os companheiros não conseguiram acompanha-lo para fazer frente a um Benfica de poupanças. O momento atual do Boavista (oito derrotas seguidas e 13 jogos sem vencer na I Liga), com mudanças técnicas, entrada de vários jogadores, também não ajudam o clube nortenho.

O festival do checo só começou aos 19 minutos, quando defendeu como pode um remate forte de Belotti, para canto. Travou um tiro de Kokçu aos 37, um cabeceamento de Belotti aos 38, um remate de Bruma aos 39, de Amdouni aos 42, de Dahl aos 42.

No segundo tempo continuou o festival de defesas: negou o golo a Aursnes aos 48, de Amdouni aos 54, de Belotti os 51, de Bruma aos 67, de Kokçu e Bruma aos 73 e de Pavlidis aos 74.

Vaclik só não impediu o golo de Pavlidis aos 70 e o penálti de Kokçu aos 77 (falta de Salvador Agra sobre Dahl na área axadrezada).

Quanto ao Benfica, 'dormiu' na liderança, com mais um ponto que o Sporting (54 contra 53), e fica à espera da resposta leonina esta noite. Na próxima semana há duelo na Luz com o Braga, para os 'quartos' da Taça.

O Boavista continua na cauda da tabela, som somar a 8.ª derrota seguida.

Momento-chave: porta-aviões foi ao fundo ao primeiro tiro

A resistência do Boavista durou 28 minutos: uma bola recuperada a meio-campo (o Boavista pediu falta no lance, a BTV não mostrou repetição da jogada), foi ter com Bruma que meteu na hora certa para um desvio de primeira de Belotti para o 1-0. Estreia a marcar do italiano, reforço de inverno dos encarnados, tal como Bruma.

Os Melhores: Vaclik sai do desemprego para brilhar

Foram 11 defesas, oito deles a remates dentro da área. A goleada do Benfica ao Boavista só não teve outros números porque o checo Thomas Vaclik voltou aos relvados, nove meses depois, para deixar um belo cartão de visita na Luz.

Em noite 'não': quem não ataca... não marca

Lito Vidigal apresentou-se na Luz numa espécie de 5-4-1, com Bozenik sozinho na frente, a tentar algo diante dos defensores do Benfica. E mesmo quando o avançado conseguia ganhar a bola, ninguém o acompanhava. E nem a perder, a partir dos 28 minutos, o Boavista mudou. Samuel Sores, em estreia a titular, só fez uma defesa nos descontos, já com o jogo resolvido, num encontro onde o Benfica tocou na bola na área do Benfica... por duas vezes, em 90 minutos.

Reações:

Lito Vidigal sobre a derrota na Luz: "Há que destacar a atitude dos jogadores porque juntos vamos construindo uma equipa"

Lage elogia "grande exibição" do Benfica "com boa dinâmica ofensiva", Belotti admite que "podia ter marcado ainda mais"

VÍDEO: O resumo do Benfica-Boavista