Nem a fúria da 'Filomena' travou a caminhada triunfal do Sporting. Depois de muitas peripécias, mau tempo e jogo adiado por 24 horas, o Sporting saiu da Choupana com a invencibilidade na I Liga, ao bater o Nacional por 2-0, na 13.ª ronda da prova. A equipa de Rúben Amorim venceu 14 dos 16 jogos disputados esta época em Portugal, onde é a única equipa profissional sem derrotas. Num terreno difícil, valeu a raça do 'leão' para assegurar os três pontos, naquela que foi a sexta vitória consecutiva, a quarta seguida na I Liga.
Um leão a mostrar os dentes: na garra e na raça
Tentativas falhadas para aterrar à hora prevista no Aeroporto Internacional Cristiano Ronaldo, chamadas da Liga a pressionar para o aeronave chegar ao destino e o jogo se realizar à hora e dia marcados, esperas no Porto Santo, stress, incertezas, chuva, vento, jogo adiado, menos de 24 horas de descanso para o que estava planeado e o jogo com o Marítimo na mesma ilha 72 horas depois.
Mesmo com a previsão de mau tempo na Madeira com a passagem da depressão 'Filomena', o Sporting estava longe de imaginar a odisseia que seria defrontar o Nacional, na 13.ª jornada da I Liga. Dois dias de mau tempo, chuvas torrenciais, granizo e muito vento, deixaram o relvado do Estádio da Madeira em condições difíceis para a prática do futebol. Os dois clubes até deram uma ajuda, ao colocarem os jogadores a aquecerem num relvado ao lado, poupando assim o tapete verde a mais desgaste.
Antes do início do encontro, já se sabia que o piso iria piorar com o passar do tempo, fruto das muitas lutas dos 22 homens atrás da bola. E aí, de pouco serviria a tática montada pelos dois treinadores. Duas equipas que gostam de trabalhar a bola, de jogar de pé para pé, com artistas de ambos os lados, foram obrigados a vestir o 'fato de macaco' e ir para a luta. Ganharia quem se adaptasse melhor às condições e fosse bafejada pela sorte nos lances. A natureza iria ter uma palavra a dizer no jogo.
Cada bola ganha na batalha do meio-campo era logo colocada na frente, na dividida, na sorte, com os avançados a tentarem superar os defesas e os homens do sector recuado a tentarem não escorregar e acertar na bola em cada disputa. O Nacional tinha mais pressa nesse capítulo, já que tinha os velozes Riscos e Rochez na frente. Ruben Micael era o homem que tentava 'alimentar' estas duas 'motas'.
O Sporting, com jogadores mais tecnicistas, tentava algo mais do que o pontapé para a frente e fé no Sporar (titular no lugar de Tiago Tomás). Umas vezes surtia efeito, outras vezes era obrigado a imitar o adversário e ser mais prático.
A equipa de Rúben Amorim teve a sorte de marcar nos período cruciais do jogo: no final do primeiro tempo (43 minutos), quando Nuno Santos encostou para dentro uma bola de Pedro Gonçalves. E aos 90, quando Jovane imitou o colega, a centro de Tiago Tomás.
Pelo meio, Luís Freire tentou algo mais do jogo, lançado mais unidades de cariz ofensiva, mas quase nunca incomodou Adan.
E quando o terreno ficou pior, no segundo tempo, já quase impossível haver troca de bola pelo relvado, foi o Sporting quem se adaptou melhor. Criou um punhado de oportunidades, principalmente por Pedro Gonçalves, o melhor da noite, ele que atirou ao poste aos 83 minutos.
Foi uma vitória à Sporting, na garra, na luta, à 'leão', para manter a invencibilidade na I Liga e os quatro pontos de vantagem sobre os rivais FC Porto e Benfica. Na próxima segunda-feira, próxima deslocação à Madeira para medir forças com o Marítimo, agora para os oitavos de final da Taça de Portugal.
Momento-chave: Nuno Santos quebra resistência madeirense
O Sporting marcou no seu melhor período no primeiro tempo. Depois de Pedro Gonçalves testar as qualidades de Daniel Guimarães, o homem-golo do Sporting serviu Nuno Santos para o 1-0, após centro largo de Nuno Mendes. Tudo simples e fácil. Foi só encostar.
Os Melhores: Pedro Gonçalves inconformado, Palhinha intratável
Pedro Gonçalves não marcou mas assistiu para o golo de Nuno Santos. Foi quem mais procurou marcar nos líderes da I Liga. No segundo tempo atirou ao poste e falhou uma grande oportunidade após trabalho individual.
Palhinha foi outro que deu nas vistas nos duelos a meio-campo, onde mostrou uma entrega que Amorim aprecia. Conseguiu nove desarmes e nove recuperações de bola, além de quatro falta sofridas e seis ações defensivas no meio-campo adversário, de acordo com estatísticas do GoalPoint.
Os Piores: Relvado não ajudou ninguém
Se no dia anterior era o vento que tomava conta da bola, dando-lhe vontade própria, esta sexta-feira era o relvado a fazer das suas. Depois do que choveu nas últimas 48 horas na Madeira, era de esperar que não aguentasse muito e foi o que aconteceu. Assim, ficou difícil para os artistas da bola mostrarem os seus dotes. Quem viu em casa e esperava por um espetáculo digno, ficou frustrado. Os jogadores fizeram o que se podia fazer nas condições apresentadas.
O ataque do Nacional foi quase inexistente. A equipa até fez seis remates, quase todos de longe, e só por uma vez acertou na baliza de Adan. Muito pouco para 90 minutos de futebol.
Reações: Amorim ataca Liga de Clubes, Freire satisfeito com os seus atletas.
Emanuel Ferro: "Fica a união de todos para ganhar o mesmo de todos: os três pontos"
Nuno Santos: "Não dava para jogar, foi no sacrifício"
Luís Freire: "Os profissionais têm de estar preparados para jogar com este tempo"
Vítor Vinhas: "O Sporting adaptou-se melhor"
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