A detenção de Bruno de Carvalho poderá deixar o Sporting com pouca margem de manobra nos processos judiciais contra os jogadores que rescindiram, depois do ataque à Academia de Alcochete. O caso mais 'bicudo' é o de Gelson Martins, o jogador com mais cotação entre os que rescindiram com o clube leonino. Rafael Leão, Daniel Podence e Rúben Ribeiro são os outros casos que ainda não foram resolvidos.
De recordar que, nas cartas de rescisão, os jogadores alegaram que Bruno de Carvalho era o responsável moral pela invasão a Academia de Alcochete, onde jogadores, técnicos e equipa médica foram agredidos por cerca de 50 adeptos do clube, depois da derrota na Madeira frente ao Marítimo na derradeira jornada da época 2017/2018 e que tirou o Sporting do segundo lugar da Liga, lugar esse que lhe permitiria entrar no apuramento para a Liga dos Campeões. A detenção do ex-presidente dos 'leões' vem dar razão à tese defendida pelos atletas que rescindiram e, caso Bruno de Carvalho venha a ser condenado, o Sporting poderá perder os mesmos casos e ser obrigado a indemnizar os jogadores.
A direção liderada por Frederico Varandas continua a negociar com o Atlético Madrid mas as direções dos dois emblemas tardam em chegar a um acordo. Na edição deste domingo, o jornal 'Record' adiantava que o jogador estaria a ser negociado na ordem dos 20 milhões de euros. Na última oferta, os madrilenos garantia 22 milhões de euros, mais de metade dos quais a pagar a pronto, por cerca de 70 por cento do passe. Dos restantes 10 milhões de euros, cinco milhões resultariam de objetivos acessíveis e os restantes cinco milhões ficariam dependentes de vitórias do Atlético na liga espanhola e/ou na Champions, escreve o 'Record'.
Instado a pronunciar-se sobre as rescisões, a FIFA, recusou dar qualquer parecer sobre caso, deixando nas mãos do Tribunal Arbitral do Desporto a decisão a tomar. Só que o caso pode arrastar-se durante muito tempo neste mesmo tribunal, onde Gelson Martins pretende que lhe seja reconhecido a justa causa para a rescisão do contrato, além de pedir uma indemnização de 3,45 milhões de euros. O Sporting também quer que lhe seja dado razão e exige a condenação do jogador ao pagamento de 105,11 milhões de euros.
O caso de Rafael Leão também não se avizinha fácil. O Sporting pede 45 milhões de euros ao jogador, que no último verão assinou por cinco épocas com o Lille de França.
O Sporting também exige 30 milhões de euros por Daniel Podence, que assinou pelo Olympiakos e 62,1 milhões de euros por Rúben Ribeiro que se vinculou ao Al Ain dos Emirados Árabes Unidos.
Em 15 de maio de 2018, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na Academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 alegados adeptos encapuzados, que agrediram alguns jogadores, treinadores e ‘staff’. Na sequência dos acontecimentos, nove jogadores pediram a rescisão unilateral dos seus contratos com o Sporting, alegando justa causa: Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Battaglia, Bas Dost, Podence, Ruben Ribeiro e Rafel Leão. Desses nove, três voltaram atrás nas decisões e estão na equipa principal de futebol (Bruno Fernandes, Battaglia e Bas Dost). William Carvalho foi negociado para o Bétis, Rui Patrício vinculou-se ao Wolverhampton, tendo o Sporting chegado a acordo, mais tarde, com o emblema inglês, recebendo 18 milhões de euros pelo guarda-redes. Falta resolver os casos de Gelson Martins, atualmente, no Atlético Madrid, Rúben Ribeiro, que representa o Al Ain dos Emirados Árabes Unidos e Rafael Leão, que se vinculou ao Lille de França.
No dia dos acontecimentos, a GNR deteve 23 pessoas, tendo posteriormente efetuado mais detenções, estando atualmente em prisão preventiva 38 pessoas, entre as quais o antigo líder da claque Juventude Leonina Fernando Mendes.
Os 38 arguidos que aguardam julgamento em prisão preventiva são todos suspeitos da prática de diversos crimes, designadamente de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro e dano com violência.
Bruno de Carvalho, que à data dos acontecimentos liderava o clube, foi, entretanto, destituído em Assembleia-Geral e impedido de concorrer à presidência do clube, atualmente ocupada por Frederico Varandas. Este domingo, Bruno de Carvalho e Mustafá, um dos líderes da claque Juventude Leonina, foram detidos no âmbito da investigação da invasão à academia do clube, em Alcochete.
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