O presidente do Sporting, Frederico Varandas, disse hoje que o ataque à Academia de Alcochete foi “uma brutal dupla perda” que teria matado “muitos clubes por esse mundo fora”, e que a anterior administração estava “afogada em dívidas”.

“Foi uma brutal dupla perda: desportiva e financeira, que mataria muitos clubes por esse mundo fora. Mas, ainda um mês antes do horrível ataque de Alcochete, já a anterior administração, encostada às cordas, afogada em dívidas, tinha levantado a conta reserva dos bancos para pagar salários”, afirmou o dirigente, num discurso de aceitação de um prémio a ele entregue na gala dos Prémios Stromp.

Varandas lembrou a perda de “cinco dos seus jogadores mais valiosos, com perdas financeiras de dezenas de milhões de euros”, nas rescisões na sequência da invasão ao balneário da academia, com agressões a vários jogadores, em maio de 2018.

Decorre atualmente, no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, o julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, antecessor de Varandas.

Na segunda-feira, o presidente dos 'leões' tinha apelidado de "escumalha que não tem mais lugar" no clube uma série de adeptos que, no Aeroporto de Ponta Delgada, gritaram "Alcochete sempre", em alusão ao ataque, num momento em que o clube está de relações cortadas com as duas principais claques, Juventude Leonina e Directivo Ultras XXI, que entretanto se demarcaram desses cânticos.

Na opinião do dirigente, “mais importante que os títulos” conquistados no curso da presidência que lidera, “são as medidas estruturais e reformistas que foram e que estão a ser tomadas – muitas delas invisíveis à maioria dos sócios”.

Em quatro pontos, o dirigente elencou a situação financeira do clube, a garantia de sustentabilidade, a modernização e o investimento na formação de jogadores como as medidas referidas, considerando que esta direção está ainda “a lavrar a terra e a semear”, mas que “há um tempo para colher”.

“Anos depois, o Sporting voltou a estar em cumprimento com a banca. Isso não se deveu apenas a reuniões e a muita conversa entre o Sporting e as entidades bancárias. Existia uma dívida vencida de 40 milhões de euros que implicou um acordo difícil entre as partes para a sua regularização, obrigando, naturalmente, a um esforço financeiro do Sporting. Pagámos o que outros deveriam ter pago”, atirou.

Sobre o investimento na formação, Varandas destacou a remodelação de “três campos cujo tempo de vida tinha terminado há 10 anos”, o reforço do recrutamento e a reorganização de “toda a área profissional e da formação da academia”.

Varandas terminou dedicando o prémio “aos sócios do Sporting”, aqueles que “depois de tudo o que o clube sofreu, estiveram sempre com o clube”, com apoio incondicional de quem “não teme nem treme”.