Freddy Adu chegou com 18 anos ao Benfica e na bagagem trazia um pesado rótulo  de novo Pelé. Foi apresentado com pompa e circunstância e deu um ar da sua graça no primeiro ano sob o olhar atento de Camacho.

«Subestimei a grandeza do Benfica» 

Em 2007/08 marcou cinco golos, marcou presença em 21 jogos e assim como chegou, depressa desapareceu por entre empréstimos constantes e zero oportunidades dadas pelos treinadores que se seguiram, inclusive Jorge Jesus.

Hoje tem 23 anos, diz estar mais maduro e isso reflete-se no seu futebol. Dos tempos do Benfica mantém a boa disposição. Sorri como sempre sorriu, independentemente do infortúnio.

Agora no Brasil, Freddy Adu explicou ao SAPO Desporto o que correu mal na sua passagem pelo Benfica e diz estar a tempo de provar o talento que um dia o fez ter meio mundo atrás de si.

«Na altura eu tive a oportunidade de assinar por vários grandes clubes europeus, mas aconselharam-me a ir para o Benfica. Olhando para trás a esta distância, eu penso que não tomei a melhor decisão. Eu creio que subestimei a grandeza do Benfica e a grande pressão que existe sobre os jogadores. Quando tu jogas pelo Benfica em Portugal é quase como se fosses uma estrela de cinema. Os adeptos são incríveis. Ir com apenas 18 anos para um clube como aquele foi difícil», começou por dizer.

O norte-americano acrescenta que no Benfica parecia não haver tempo nem espaço para um «jogador poder crescer». A isso sobrepunha-se a necessidade de «ganhar no imediato», o que diminuía a sua margem de erro.

De empréstimo em empréstimo

Enquanto esteve ligado contratualmente ao Benfica, Freddy Adu passou por quatro clubes e três países: Mónaco (França), Belenenses, Aris (Grécia) e Rizespor (Turquia).

O norte-americano teve que adaptar-se ano após ano a uma nova realidade e diz nunca ter tido grandes hipóteses de escolha no seu destino.

«Fui emprestado a quatro clubes diferentes. Foi complicado para mim porque eu não controlava isso. Eu tinha de ir para onde me mandavam. Eu queria era jogar. Não tive nada a ver com isso. Eu não estou a querer culpar ninguém. Acho que a minha imaturidade teve um peso nisso, houve algumas circunstâncias que eu não pude controlar, e pode-se falar em falta de sorte também».

Regressar um dia quem sabe

O futebol dá voltas e mais voltas e Freddy Adu não sabe se alguma vez mais a sua vida se cruzará com Lisboa e com o Benfica. O passado ficou para trás, e se o futuro lhe reservar um regresso à Luz, não diz que não.

«Se a oportunidade existir sim. Eu tinha 18 anos quando cheguei lá. Eu era jovem, imaturo. Agora tenho 23 anos, estou diferente. Já vi muito coisa e hoje consigo perceber como o futebol funciona na Europa. Agora eu sei como lidar com a situação, sou mais profissional. Se tiver a chance de ir para uma equipa como Benfica, seria ótimo».

O peso de ser chamado de “Novo Pelé”

A intimidade que tinha com a bola aos 14 anos fez crescer o mito de que ali estaria um novo Pelé. Havia um talento inato que depressa levou a comparações exageradas.

Freddy Adu reconhece que isso pesou muito no seu crescimento. A pressão era muita e talvez não tenha sabido lidar com ela.

«Isso pôs muita pressão sobre mim. Quando tu tens 14 anos e és descrito como o novo Pelé, automaticamente toda a gente vai olhar para ti e esperar que entres em campo e que domines o jogo. E quando isso não acontece, as pessoas olham para ti como um falhado. Não foi justo». 

Curiosamente hoje Adu está no Brasil para jogar no Bahía, equipa da série A do Brasil, por empréstimo dos americanos do Philadelphia Union. Aqui quer ter a oportunidade de primeiro ajudar a equipa a vencer, e depois demonstrar que não se enganaram quando lhe auguraram um bom futuro na juventude.