Moussa Marega já reagiu a uma rádio francesa sobre os insultos racistas de que foi no estádio D. Afonso Henriques, na partida ante o V. Guimarães.

"Ontem [domingo], senti-me realmente uma m****. Foi, verdadeiramente, uma grande humilhação, tocou-me verdadeiramente", afirmou o jogador em em declarações ao programa ‘Team Duga’, da RMC Sport.

O dianteiro referiu que gostava de se encontrar com o Presidente da República de forma a partilhar o sentimento que sentiu naquele momento.

"Se pudesse falar com o presidente da República? Seria um honra e podia dizer-lhe o que senti ao ser insultado daquela forma. Não gostei mesmo nada de sentir aquele ódio, fiquei muito desiludido".

Instado a comentar a sua reação ao abandonar o campo, o dianteiro reconhece que os companheiros não compreenderam inicialmente.

"Os meus companheiros de equipa não compreenderam a minha reação, mas ficaram chocados com o que aconteceu. Foram reações de amigos, que me tentaram acalmar. Eles conhecem-me muito bem e tentaram acalmar-me. Mas eu disse-lhes que não vali a pena e que não conseguia jogar naquelas condições", acrescentou, que recorda como começaram os insultos.

"Os insultos começaram desde o aquecimento. Ao início eram três pessoas que estavam a gritar comigo, mas depois foi o estádio inteiro. Era impossível jogar assim", referiu.

O internacional pela seleção do Mali também considera que os slogans contra o racismo de nada servem se não se passarem às ações.

"Gostaríamos que os jogos parassem, que houvesse um ato forte da parte dos árbitros. Para mim, os slogans ‘Não ao Racismo’, o fazer fotografias, não serve de nada. É como comprares um maço de tabaco, ele diz ‘Fumar Mata’, mas tu continuas a fumar."

O jogador falou ainda na reação de Sérgio Conceição que fez tudo para o acalmar.

"Sérgio Conceição teve a reação que esperava. Fez tudo para acalmar-me, para que eu não visse um segundo cartão amarelo antes da substituição. Ele estava de acordo para que eu deixasse o campo."

Marega confessa-se "chocado" pelo que aconteceu e agradece as "mensagens de força que tem recebido".

"Fiquei chocado. Francamente nunca pensei que isto pudesse acontecer. Tenho uma bola relação com Guimarães, é uma cidade que já me deu muito e um clube que também me deu muito. Sempre respeitei. Tenho recebido muitas mensagens de força", afirmou Marega, que recorda o momento que chegou a casa depois do dia de ontem.

"Deixei passar o momento, cheguei a casa, vi a minha filho e comecei a sorri".

Este domingo, Marega foi substituído ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães, depois de ter sido alvo de cânticos e gritos racistas por parte de adeptos da equipa minhota.

Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro. O emblema minhoto pode ser punido com um a três jogos a porta fechada, de acordo o Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) sobre atos que “promovam, consintam ou tolerem” comportamentos racistas.

O artigo 113.º do regulamento em vigor define as sanções a “comportamentos discriminatórios em função da raça, religião ou ideologia”.

A caso ganhou contornos internacionais e foi notícia lá fora, sendo noticiado em várias televisões mas também em jornais online.

Em Portugal, vários clubes mostraram a sua solidariedade para com Moussa Marega, entre eles o Rio Ave, o Sporting, o SC Braga.

O caso extravassou o futebol e foi comentado por vários quadrantes políticos, quase todos a reprovarem os insultos racistas contra o maliano.

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Dirigentes e deputados de vários partidos, incluindo os líderes do CDS-PP, da Iniciativa Liberal comentaram na redes sociais condenando os insultos dirigidos ao jogador Marega, do FC Porto.

O primeiro-ministro manifestou também a sua "solidariedade" com Marega e o "repúdio total" por atos racistas contra o futebolista do FC Porto, esperando que "as autoridades ajam como lhes compete" para impedir que voltem a acontecer. Antes, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, tinha repudiado os insultos racistas de que foi vítima Marega, salientando que estes atos atentam contra a Constituição e devem ter consequências. Já o Secretário de Estado do Desporto e da Juventude, João Paulo Rebelo, em entrevista à RTP, elogiou a decisão do maliano em abandonar o terreno de jogo.

O Bloco de Esquerda (BE) quer saber que medidas concretas vai o Governo tomar na sequência dos insultos racistas de que foi alvo o jogador do FC Porto Marega durante um encontro no domingo com o Vitória de Guimarães. Em comunicado, o BE dirige algumas perguntas ao Ministério da Educação e, em concreto, à secretaria de Estado do Desporto e da Juventude, e presta a sua solidariedade para com Moussa Marega e para com “todos os que não desistem de fazer da prática desportiva uma casa da igualdade”.

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O Presidente da República condenou, esta segunda-feira, os insultos racistas de que o jogador do FC Porto Marega foi alvo no domingo, lembrando que a Constituição da República é muito clara na condenação do racismo, xenofobia e discriminação. O Presidente da República sublinhou que só pode “condenar, como sempre, veementemente, todas as manifestações racistas, quaisquer que sejam”.

A associação SOS Racismo defendeu que os responsáveis pelos insultos racistas ao futebolista Moussa Marega devem ser "severamente punidos", considerando que o fenómeno tem que ser "enfrentado antes que se torne incontrolável". A SOS Racismo saúda a decisão de Marega abandonar o relvado, considerando que "era o que todos os presentes deviam ter feito", começando pela equipa de arbitragem.

O PCP pediu  a audição, no parlamento, do ministro da Administração Interna, secretário de Estado do Desporto e Liga de Clubes sobre "medidas a adotar" depois das "manifestações de racismo" contra o futebolista Marega.

Opinião diferente teve André Ventura, deputado e líder do partido CHEGA, que desvalorizou o caso, e disse que as reações eram eram "o síndrome Joacine que começa a invadir as mentalidades".

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A PSP está a tentar identificar os adeptos suspeitos de dirigirem palavras e gestos racistas e xenófobos a Marega, do FC Porto, cometendo assim infrações criminais e contraordenacionais, informou hoje a direção da PSP. A PSP sublinha que o comportamento dos adeptos suspeitos configura um crime previsto e punido no Código Penal com pena de prisão de seis meses a 5 anos. Além da vertente criminal, a PSP acrescenta que tal comportamento de adeptos constitui contraordenação, pois “a prática de atos ou o incitamento à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos" pode ser punida com coima entre 1.000 e 10.000 euros.