Pinto da Costa reagiu pela primeira vez ao caso dos insultos racistas contra Moussa Marega, por parte de alguns adeptos do Vitória de Guimarães. Em declarações aos jornalistas à entrada do Tribunal no Porto, onde vai testemunhar no julgamento do ataque à Academia do Sporting, o líder azul e branco comentou o caso, sublinhando que a atitude dos adeptos foi uma forma de atingir Marega.
"Há questões que devem também ser referidas. Não se pode classificar o futebol e os seus adeptos como sendo grupos racistas. O problema do racismo é estúpido e imbecil e não devia sequer ser colocado como problema. Para mim sempre houve igualdade, sempre vivi assim na infância, quando os meus ídolos no FC Porto eram de cor. Para mim era indiferente a raça e a cor. As crianças têm como ídolos jogadores de muitas raças, o futebol serviu para que não exista racismo. Aquilo foi uma atitude infeliz, que nem sequer posso dizer que as pessoas sejam racistas, foi uma maneira de atingir o Marega porque o Vitória de Guimarães também tem jogadores de outras raças e que nunca foram atingidos. Têm de ser castigados, mas mais do que racismo foi um problema de estupidez", disse Pinto Da Costa.
"Os meus ídolos no FC Porto eram alguns jogadores de cor. Era-me indiferente qual a raça, país ou cor. O futebol, como serviu a mim, serviu a muita gente. No tempo do Jaburu e do Miguel Arcanjo eram os ídolos de todas as crianças aqui no Porto. O futebol serve para que não exista racismo. No primeiro jogo de futebol que eu vi, o FC Porto tinha um jogador de meio-campo, o Gastão, que era negro. Era um dos que eu mais gostava", completou.
O líder dos azuis-e-brancos saudou a forma como a maioria dos portugueses reagiu ao caso, exceto Rui Santos, comentador da SIC Notícias, e André Ventura, deputado e líder do partido CHEGA.
"Reajo como a maioria, quase que 100 por cento dos portugueses, descontando o Rui Santos e o André Ventura. Toda a gente reagiu da mesma maneira. O Marega foi tomado pelo Mundo como um herói, mas não é por ter esta atitude digna que passou para nós a ser importante. No final do ano, antes de sonharmos que isto ia acontecer, recebeu o Dragão de Ouro do FC Porto. Não é por isto que passou a ser para nós um grande atleta e um grande homem", recordou o presidente dos azuis-e-brancos.
Para Pinto da Costa, o racismo "é sobretudo um caso de polícia" e não de um ou outro clube em particular: "Se roubarem as carteiras às pessoas no estádio, a responsabilidade não é dos clubes", atirou.
A terminar o presidente do FC Porto falou da atual situação do FC Porto, onde "a vida decorre normalmente". E não deixou de destacar o encurtar de distâncias para o líder Benfica.
"Recuperámos 6 pontos. A única leitura possível é que estávamos a sete e agora estamos a um. O que espero? Não espero nada. No futebol tudo pode acontecer, no campo é que se fazem os resultados", finalizou.
Esta terça-feira, a PSP identificou alguns adeptos responsáveis pelos insultos racistas contra Moussa Marega. Para esta identificação foi preciosa a ajuda das imagens de videovigilância do Estádio D. Afonso Henriques que o organismo está a analisar. Já na segunda-feira a PSP tinha sublinhado, em comunicado, que os comportamentos racistas e xenófobos configuram "um crime previsto e punido no Código Penal", pena essa que pode de 6 meses a 5 anos de prisão, ou com uma coima entre mil e dez mil euros.
Apesar da identificação, o advogado Alexandre Miguel Mestre adverte para a dificuldade de punir clubes de futebol devido a situações racismo, dada a necessidade de se provar que promoveram, consentiram ou toleraram estes comportamentos.
“Eu acho que esta regulamentação pode ser aplicada, mas dificilmente será aplicada. Porque este artigo sanciona as sociedades desportivas que promovam, consintam ou tolerem estes comportamentos. Como se trata de um regulamento disciplinar, não há analogias ou espaço para subjetividade e, sem forma de provar o dolo do clube, não há como aplicar”, advertiu Alexandre Mestre, em declarações à agência Lusa.
O artigo 113.º do Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) prevê como punição a realização entre um e três jogos à porta fechada aos clubes que “promovam, consintam ou tolerem” comportamentos “discriminatórios em função da raça, religião ou ideologia”.
Já esta segunda-feira, o Vitória de Guimarães tinha emitido um comunicado a explicar a sua posição depois dos incidentes registados no jogo frente ao FC Porto e onde Moussa Marega foi alvo de insultos racistas por parte dos adeptos vimaranenses.
O clube disse que iria disponibilizar as imagens do sistema CCTV do recinto, mas adverte "que não é admissível pretender que o Vitória SC vista a pele de lobo defronte um problema social que já conheceu condenações efetivas no plano desportivo nacional e internacional."
Este domingo, Marega foi substituído ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães, depois de ter sido alvo de cânticos e gritos racistas por parte de adeptos da equipa minhota.
Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro. O emblema minhoto pode ser punido com um a três jogos a porta fechada, de acordo o Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) sobre atos que “promovam, consintam ou tolerem” comportamentos racistas.
O artigo 113.º do regulamento em vigor define as sanções a “comportamentos discriminatórios em função da raça, religião ou ideologia”.
A caso ganhou contornos internacionais e foi notícia lá fora, sendo noticiado em várias televisões mas também em jornais online.
Em Portugal, vários clubes mostraram a sua solidariedade para com Moussa Marega, entre eles o Rio Ave, o Sporting, o SC Braga.
O caso extravassou o futebol e foi comentado por vários quadrantes políticos, quase todos a reprovarem os insultos racistas contra o maliano.
Dirigentes e deputados de vários partidos, incluindo os líderes do CDS-PP, da Iniciativa Liberal comentaram na redes sociais condenando os insultos dirigidos ao jogador Marega, do FC Porto.
O primeiro-ministro manifestou também a sua "solidariedade" com Marega e o "repúdio total" por atos racistas contra o futebolista do FC Porto, esperando que "as autoridades ajam como lhes compete" para impedir que voltem a acontecer. Antes, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, tinha repudiado os insultos racistas de que foi vítima Marega, salientando que estes atos atentam contra a Constituição e devem ter consequências. Já o Secretário de Estado do Desporto e da Juventude, João Paulo Rebelo, em entrevista à RTP, elogiou a decisão do maliano em abandonar o terreno de jogo.
O Bloco de Esquerda (BE) quer saber que medidas concretas vai o Governo tomar na sequência dos insultos racistas de que foi alvo o jogador do FC Porto Marega durante um encontro no domingo com o Vitória de Guimarães. Em comunicado, o BE dirige algumas perguntas ao Ministério da Educação e, em concreto, à secretaria de Estado do Desporto e da Juventude, e presta a sua solidariedade para com Moussa Marega e para com “todos os que não desistem de fazer da prática desportiva uma casa da igualdade”.
O Presidente da República condenou, esta segunda-feira, os insultos racistas de que o jogador do FC Porto Marega foi alvo no domingo, lembrando que a Constituição da República é muito clara na condenação do racismo, xenofobia e discriminação. O Presidente da República sublinhou que só pode “condenar, como sempre, veementemente, todas as manifestações racistas, quaisquer que sejam”.
A associação SOS Racismo defendeu que os responsáveis pelos insultos racistas ao futebolista Moussa Marega devem ser "severamente punidos", considerando que o fenómeno tem que ser "enfrentado antes que se torne incontrolável". A SOS Racismo saúda a decisão de Marega abandonar o relvado, considerando que "era o que todos os presentes deviam ter feito", começando pela equipa de arbitragem.
O PCP pediu a audição, no parlamento, do ministro da Administração Interna, secretário de Estado do Desporto e Liga de Clubes sobre "medidas a adotar" depois das "manifestações de racismo" contra o futebolista Marega.
Opinião diferente teve André Ventura, deputado e líder do partido CHEGA, que desvalorizou o caso, e disse que as reações eram eram "o síndrome Joacine que começa a invadir as mentalidades".
A PSP está a tentar identificar os adeptos suspeitos de dirigirem palavras e gestos racistas e xenófobos a Marega, do FC Porto, cometendo assim infrações criminais e contraordenacionais, informou hoje a direção da PSP. A PSP sublinha que o comportamento dos adeptos suspeitos configura um crime previsto e punido no Código Penal com pena de prisão de seis meses a 5 anos. Além da vertente criminal, a PSP acrescenta que tal comportamento de adeptos constitui contraordenação, pois “a prática de atos ou o incitamento à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos" pode ser punida com coima entre 1.000 e 10.000 euros.
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