O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Mário Figueiredo, acusou hoje a tutela governamental do Desporto de o tentar aniquilar e, em última instância, de afetar o organismo.

«Segundo o meu entendimento, sustentado em alguns factos e convicções, que vale o que vale, é de que há uma perspetiva, desde que coloquei em cima da mesa a questão dos direitos de transmissão televisiva, de tentar, primeiro, aniquilar o presidente da LPFP e, não conseguindo, aniquilar a LPFP. E mais uma vez centrando o futebol na panelinha em que todas as coisas se fazem nos bastidores, alimentando alguns e mantendo os clubes numa contenção financeira inadmissível», afirmou.

Em entrevista à agência Lusa, Mário Figueiredo considerou que «nunca houve um Governo, ou uma tutela desportiva, que tivesse feito tão mal ao futebol profissional em Portugal, como a que está neste momento em vigor», apontando como exemplo a exclusão dos jogos da I Liga dos eventos desportivos a merecerem transmissão em canal aberto.

«Os patrocinadores fugiram. Os clubes já são penalizados pelo pouco que recebem dos direitos de transmissão televisiva, mas havia alguma exposição mediática pela passagem semanalmente de um jogo, com uma equipa ‘grande’ e uma das outras, e isso veio tirar valor ao mercado dos patrocínios e à sua visibilidade», referiu.

No entanto, Mário Figueiredo apontou outros casos de «incumprimento» da função governamental, como nos casos da segurança nos eventos desportivos.

«São poucos os que ultrapassam a barreira do que é aceitável e descambam na violência e esses estão identificados, mas é preciso avançar com esses processos e inibir essas pessoas de irem aos estádios. O que verificamos é que não tem sido feito nada sobre essa matéria», afirmou, salientando que «tenta-se resolver o problema da maneira mais fácil que é pegar numa caneta e num papel e fazer uma lei».

De acordo com Mário Figueiredo, as alterações legislativas imputam aos clubes «obrigações de Estado, que estão relacionadas com a punição de infratores ao nível desportivo ou até criminal».

«Não é por enchermos um estádio de polícias que vamos resolver o problema, isso é um engano. Veja-se o que aconteceu em Inglaterra, onde houve sérios problemas nos anos 80 com o ‘hooliganismo’ e resolveu-se retirando dos estádios os ‘hooligans’», sublinhou.

Recordando que a LPFP sempre defendeu o policiamento em jogos das competições profissionais, o presidente do organismo, que admitiu desconhecer em pormenor as recentes alterações legislativas, mas «cumprindo os rácios defendidos por lei».

«O que aconteceu é que duplicou o valor da remuneração individual por polícia e, ao mesmo tempo, foi reduzido o rácio de polícias por espetadores, mas na prática o que se verifica é que continuam a ser enviados para os campos de futebol polícias em número exagerado em relação às necessidades de segurança», reiterou.

Mário Figueiredo recordou ter alertado para a iminência de uma «desgraça» nos recintos de futebol, contestando a afirmação de que «há segurança no desporto em Portugal», feita pelo ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, durante uma visita a Moçambique, onde considerou «uma situação pontual» os incidentes registados no estádio do Sporting de Braga, aquando do jogo com o Paços de Ferreira.

«Por isso é que eu digo que a nossa tutela é a pior que existe nos últimos anos, porque perante o que se estava a anunciar (…) era de que, em período de crise, o estádio de futebol é um cenário típico para se criar uma onda de violência difícil de controlar. Realmente, é lamentável que alguém venha fazer propaganda, dizendo que nos campos de futebol está tudo bem e poucos dias depois se viu que não estava», lembrou.

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