O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) quer que os clubes retenham todos os meses parte do salário dos seus atletas, que estes poderão utilizar aos 35 anos, "em caso de doença ou de desemprego".

O projeto foi avançado hoje pelo presidente do SJPF, Joaquim Evangelista, durante a conferência sobre educação financeira "Todos Contam. E no futebol também", que teve lugar na Escola Secundária de Fontes Pereira de Melo, Porto, com a presença de antigos e atuais jogadores, como João Vieira Pinto, Nandinho, Bruno China, Mateus e Vagner.

O dirigente lembrou existirem atletas que "são confrontados com muitos problemas" quando a carreira acaba e sinalizou que se têm verificado "demasiados casos negativos" no meio, por colapso financeiro.

Com esta iniciativa, em parceria com supervisores financeiros nacionais (banca, seguros e mercados), o SJPF pretende "alertar os jogadores para fazerem opções racionais, porque há todo o um futuro que é preciso organizar" e acautelar desde cedo.

Joaquim Evangelista salientou as "situações inesperadas" com que os jogadores, por vezes, são confrontados e deu como exemplos Edu, jovem avançado axadrezado, com um cancro, Tengarrinha, ex-Boavista, que sofre de leucemia, e Fábio Faria, ex-Benfica, que, aos 23 anos, pôs fim à sua carreira, devido a um problema cardíaco.

O dirigente disse que "tudo será mais difícil" se os jogadores não estiverem preparados para os imprevistos que possam surgir, recordando que o sindicato criou "um fundo de pensões" por causa desses problemas.

Joaquim Evangelista anunciou depois que o SJPF tem projeto para que os clubes retenham uma percentagem mensal do salário dos seus jogadores, que estes poderão resgatar aos 35 anos, "em caso de doença ou desemprego".

O dirigente pretende também que esse desconto mensal, com caráter obrigatório, beneficie de uma "dedução fiscal" própria.

"Nós nunca estamos preparados para acabar", disse o ex-futebolista e atual dirigente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) João Vieira Pinto, após referir que só uma pequena percentagem dos futebolistas é que atinge um nível elevado.

Perante uma plateia com muitos alunos, que são simultaneamente atletas, Nandinho contou que foi estudar quando acabou a carreira de futebolista, com passagens pelo Guimarães e pelo Gil Vicente, e licenciou-se em Desporto. "Fui o melhor aluno", completou.

"Estudar é fundamental e nada vos impede de praticar desporto. Acreditem no vosso sonho e lutem por ele", afirmou, dirigindo-se aos estudantes e alertando-os que "no futebol não é tudo um conto de fadas".