O Boavista regularizou os salários da estrutura do futebol profissional, frisou na segunda-feira o presidente Vítor Murta, vincando a mensagem transmitida a mais de 200 sócios, numa sessão de esclarecimento ocorrida na sexta-feira.
“Demonstrámos o cumprimento salarial junto da Liga de clubes em setembro. Como é possível haver salários em atraso? Sei que a comunicação social tem de fazer o seu trabalho, mas coloca-se em causa a idoneidade do Boavista e da estrutura com base em algo que foi um agente que disse no Irão”, lamentou aos jornalistas o dirigente, antes do empate na receção ao Belenenses SAD (0-0), no jogo de conclusão da nona jornada.
Vítor Murta fazia alusão às declarações de Farshid Karimi, empresário do guarda-redes internacional iraniano Alireza Beiranvand, que tinha garantido horas antes ao portal Maisfutebol que quase todos os salários e o prémio de assinatura do jogador ainda não foram liquidados, bem como a comissão associada ao negócio concretizado em julho.
“Temos de começar a pensar porque é que temos de acreditar numa notícia que vem do Irão. Em Portugal deu-se ênfase a um agente que tem como objetivo forçar o Boavista a pagar a comissão que o Boavista tem de pagar. De facto, ainda não a recebeu. O seu objetivo é chantagear nesse sentido, pondo cá fora estas notícias. No Boavista ninguém cede a chantagens. O clube tem prazos para pagar e haveremos de pagar”, sublinhou.
Acusando o Boavista de estar em incumprimento com outros jogadores, Farshid Karimi admitiu a hipótese de rescindir o contrato de Alireza Beiranvand, de 29 anos, titular no jogo de segunda-feira, que chegou no defeso por empréstimo dos belgas do Antuérpia.
“Queria fazer uma retrospetiva rápida. Desde que se falou de investidor, a estratégia foi sempre a mesma. Não íamos inscrever o clube, mas inscrevemos. Os jogadores não iam ser inscritos, mas foram. Agora são os salários em atraso, com base numa notícia que saiu no Irão, mas que não faz sentido absolutamente nenhum. Temos equipa e atletas inscritos, salários pagos e estamos a fazer um bom campeonato”, reiterou Vítor Murta.
O líder máximo do oitavo colocado da I Liga, com 11 pontos em nove rondas, admite que as ‘panteras’ “vivem com dificuldades”, acentuadas pela pandemia de covid-19, e “têm renegociado dívidas com os credores”, visando em breve capitalizar a venda de atletas.
“Há muita gente que deve dinheiro ao Boavista, mas não vamos para a comunicação social falar. Havemos de o receber. Há cinco ou seis anos pensávamos: ‘quem é que podemos transferir?’. Agora, olhamos para o plantel e vemos que temos ativos. Estas questões que têm vindo à baila prejudicam a tranquilidade do clube, mas não vão afetar de forma assim tão incisiva como pretendem. Lamentamos que isto aconteça”, concluiu.
Vítor Murta falou ao lado de Gérard Lopez, que corroborou que “os salários estão pagos”, antes de o investidor ter assistido pela primeira vez a um jogo no Estádio do Bessa, no Porto, desde que adquiriu em julho 50,78% do capital social da SAD do Boavista.
Antes das declarações do acionista maioritário e do presidente da administração do clube portuense, o semanário Novo noticiou que os jogadores da equipa principal tinham decidido avançar para um cenário de possível greve, caso não fossem saldadas até hoje alegadas dívidas em atraso, entre as quais ordenados e prémios individuais e coletivos.
“São notícias que não fazem sentido. É claramente mentira, apesar de não ter de ser a mim que têm de fazer as perguntas. A maior parte é mentira e não faz sentido falar sobre isso”, afirmou no final do jogo o avançado Tiago Morais, na zona de entrevistas rápidas.
Com o ‘nulo’ diante do Belenenses SAD, a formação de João Pedro Sousa manteve a invencibilidade a atuar em casa, mas somou a terceira jornada consecutiva a empatar no campeonato e a sexta seguida sem vencer, numa série de resultados intercalada com a eliminação na terceira ronda da Taça de Portugal no terreno do Rio Ave, da II Liga (0-4).
Comentários