O plano de recuperação da SAD do Beira-Mar apresentado no âmbito do Processo Especial de Revitalização (PER) foi aprovado pela maioria qualificada dos credores, segundo o processo consultado esta quarta-feira pela agência Lusa.
A votação previa dois cenários, para a eventualidade de os créditos do Beira-Mar virem a ser considerados comuns ou subordinados, mas em qualquer um deles foi possível reunir os dois terços dos votos emitidos necessários à aprovação do plano.
No primeiro cenário, votaram a favor 93,45 por cento dos credores e, no segundo, o plano foi aprovado com 69,87 por cento dos votos.
Entre os credores que aprovaram estão as Finanças, o Beira-Mar e alguns jogadores e ex-jogadores do clube.
Após a aprovação do plano por parte dos credores, o juiz tem agora dez dias para homologar o plano ou recusar a sua homologação.
O Plano de Revitalização da SAD do Beira-Mar pressupõe o perdão de 80 por cento da dívida do clube, que reclama créditos de 3,1 milhões de euros.
Caso o plano seja homologado, a SAD irá pagar apenas cerca de 621 mil euros ao Beira-Mar em prestações trimestrais ao longo de 25 anos, com três anos de carência.
Estas condições mantêm-se mesmo que os créditos do Beira-Mar, que foram classificados como subordinados, venham a ser reconhecidos como comuns, como é pretensão do clube.
Quanto aos credores comuns, em que se incluem vários clubes (Nantes, Leixões, Alverca, Candal e Padroense), ex-dirigentes do Beira-Mar e inúmeras empresas prestadoras de serviços, o plano prevê o perdão de 70 por cento dos créditos, com perdão total dos juros.
Estes créditos serão pagos ao longo de 12 anos, sendo que os dois primeiros anos são de carência.
A SAD, que tem como maior acionista o empresário italiano Omar Scafuro, propõe-se também pagar 100 por cento dos créditos reconhecidos aos trabalhadores, no prazo máximo de cinco anos, com perdão dos juros.
O plano consagra ainda o pagamento integral dos créditos às Finanças e Segurança Social, que no total reclamam mais de 700 mil euros, em 150 prestações mensais, com um juro de 3,5 por cento.
No documento, o administrador judicial provisório defende que a aprovação do plano é "o melhor cenário para a conciliação dos interesses dos credores e a manutenção dos postos de trabalho".
A SAD do Beira-Mar recorreu ao PER em novembro de 2013, depois da despromoção da equipa de futebol do clube à II Liga, com as inerentes perdas e reduções de receitas correspondentes, designadamente de ingressos e direitos de transmissões televisivas.
Um total de 115 credores, incluindo jogadores e ex-dirigentes, reclamam em tribunal cerca de 4,6 milhões de euros à SAD, com o Beira-Mar, as Finanças e a Segurança Social a encabeçarem a lista.