O presidente da FPF, Fernando Gomes, antevê o despontar de uma geração de jogadores, baseada na atual seleção de sub-21, que irá a curto prazo resolver os problemas existentes a nível do campo de recrutamento da seleção principal.

«Depois de muitos anos, há uma nova geração a despontar capaz de integrar a seleção A e permitir a sua renovação a curto prazo», disse o presidente da FPF, durante um encontro com a imprensa para a apresentação do orçamento referente à época 2012/13, lembrando que Pepe e Bruno Alves já têm 30 anos, Ronaldo e Meireles 28, Moutinho e Miguel Veloso 27.

O ponto de viragem na quebra qualitativa e quantitativa a nível de jogadores jovens, segundo Fernando Gomes, «aconteceu em 2008, com a entrada do professor Carlos Queiroz» na FPF, quando «foi alterado o modelo interno de gestão da formação das seleções nacionais».

Nessa altura, houve uma «verticalização da estrutura das seleções e o acompanhamento destas sob a coordenação do professor Ilídio Vale», tendo em linha de conta «modelos competitivos de diversas seleções», cujos resultados «não aparecem de um momento para outro».

«Felizmente, nos últimos dois anos houve uma melhoria qualitativa significativa dos nossos jovens valores», alegou Fernando Gomes, aludindo às seleções de sub-19, que participou em três fases finais de Europeus nos últimos quatro anos, da seleção de sub-20, que jogou o Mundial da Turquia, e a seleção de sub-17, que tem «qualidade acima da média e que só por azares circunstanciais não tem ido a fases finais».

Fernando Gomes recuou para avivar a memória dos críticos: «A seleção hoje é baseada num conjunto de jogadores que em 2004 e 2005 integrava a equipa do Sporting, por força de uma política desportiva condicionada por razões financeiras. Nessa altura, treinados por Paulo Bento, destaco Miguel Veloso, João Moutinho e Nani e mais alguns que foram os únicos que, de forma consistente, têm aparecido na seleção».

Nesse período, ainda de acordo com o presidente federativo, o Benfica e o FC Porto «enveredaram por uma política de ter muito poucos jogadores nacionais nos respetivos plantéis», mas, mais grave do que isso, tinham um «considerável número de estrangeiros nas suas equipas de juniores», razão pela qual a seleção «sofreu na pele» a ausência de investimento na área da formação, traduzida com a «ascensão de poucos jogadores à seleção A».

Depois de colocar “o dedo na ferida”, Fernando Gomes elogiou a atual política seguida pelos principais clubes: «A qualidade da seleção de Sub-21 não decorre de um só fator. Os clubes criaram as equipas B e os jovens estão a competir num patamar competitivo superior e as equipas de juniores são hoje formadas maioritariamente por jogadores portugueses, aposta essa decorrente, também, da crise financeira».

Deu o exemplo concreto do Vitória de Guimarães, que na época passada “teve de apostar nos jovens dos juniores no espaço das equipas B e A”, e reconheceu que a FPF «nada pode fazer se o âmbito da sua ação não for sustentada por uma política desportiva dos grandes clubes, os únicos com capacidade para, através dos seus departamentos de “scouting”, recrutar os jovens talentos portugueses que vão surgindo pelo país».

«Todos os jogadores da seleção de Sub-21 que na terça-feira venceu no Azerbaijão jogaram nas equipas B, com exceção de Hugo Guerreiro, que alinha no Lorient, de França», constatou Fernando Gomes, que realçou, ainda, a importância de uma «política de coordenação e articulação entre os diversos treinadores dos escalões de formação» das seleções, cuja rotatividade «permite um trabalho global e uniforme».