O técnico espanhol Roberto Martínez viveu um primeiro ano ‘perfeito’ no cargo de selecionador português de futebol, com um apuramento totalmente vitorioso para a fase final do Euro2024, batendo alguns recordes pelo caminho.

Desde que foi anunciado como o sucessor de Fernando Santos, em 09 de janeiro de 2023, Martínez, o terceiro estrangeiro no cargo, teve um arranque demolidor no comando de Portugal, somando apenas vitórias, com algumas goleadas (uma delas histórica) à mistura, na qualificação para o Europeu da Alemanha, construindo cedo um grupo ‘restrito’ e sem cortar com o passado, nomeadamente com figuras como os ‘veteraníssimos’ Cristiano Ronaldo e Pepe.

Aos 38 anos, o histórico avançado madeirense manteve a braçadeira de capitão, depois de ter ponderado deixar a seleção nacional no final do Mundial2022, em ‘choque’ com Fernando Santos, e regressou em força, marcando 10 golos no apuramento e tornando-se o primeiro jogador internacional de sempre a chegar aos 200 jogos.

A nível de escolhas, Martínez optou por dar continuidade, pelo menos neste primeiro ano, ao ciclo do seu antecessor, mas, no campo tático, cortou com o passado, deixou de lado o ‘conservadorismo’ de Santos e apresentou uma equipa mais ‘aberta’ e bem mais virada para o ataque.

No Grupo F, frente a Eslováquia, Luxemburgo, Islândia, Bósnia-Herzegovina e Liechtenstein, o técnico nascido em Lérida, na Catalunha, levou Portugal à primeira qualificação perfeita da sua história, só com vitórias, em 10 jogos, e deixou um aviso aos rivais na fase final do Euro2024 com um registo de 36 golos marcados e apenas dois sofridos, ambos perante a Eslováquia (3-2), no Dragão, no encontro que, por acaso, confirmou o apuramento.

Os resultados não poderiam ter sido melhores, mas o nível exibicional demorou a aparecer e isso só aconteceu a partir de setembro, no Algarve, na goleada sobre o Luxemburgo, por 9-0, sem Ronaldo, naquela que passou a ser a maior vitória de sempre da seleção lusa em jogos oficiais.

Mas, os recordes não ficaram por aí, já que Martínez passou a ser o primeiro selecionador português a alcançar 10 triunfos seguidos em jogos oficiais, batendo os sete do seu antecessor Fernando Santos.

A qualificação também permanecerá na história por causa de Ronaldo, que chegou às 200 internacionalizações em junho, em Reiquiavique, marcando perto do fim o golo que deu a vitória a Portugal sobre a Islândia (1-0).

Martínez fez regressar Ronaldo aos ‘bons velhos tempos’, mas a grande figura da qualificação foi mesmo Bruno Fernandes, o jogador que mais cresceu e ganhou importância na seleção desde a chegada do técnico espanhol, e também Rúben Dias, que confirmou o estatuto de ‘patrão da defesa’.

Sempre que esteve disponível fisicamente, Pepe fez parte dos convocados de Martínez, recebendo muitas vezes elogios públicos por parte do selecionador, mas o central de 40 anos apenas participou em 90 minutos da qualificação, todos no encontro na Islândia.

Gonçalo Inácio, João Neves, José Sá e Toti Gomes passaram a ser internacionais ‘AA’ em 2023, enquanto João Mário, campeão europeu em 2016, optou pelo ‘adeus’ prematuro, após ter feito parte do primeiro lote de convocados de Roberto Martínez.

Depois de ter terminado o Mundial2022 como titular e com o estatuo de ‘9’ da seleção, Gonçalo Ramos perdeu espaço com a chegada do novo selecionador e realizou apenas 276 minutos no apuramento, mesmo assim suficiente para marcar três golos.

Destaque igualmente para João Félix, que, durante a qualificação, foi o ‘preferido’ de Martínez como companheiro de ataque de Ronaldo.