A vitória é magra mas abre boas perspectivas de o Sporting seguir para a final da Taça de Portugal. Na noite de quinta-feira, os leões dominaram grande parte do encontro diante do Benfica, mas os encarnados reduziram e ameaçaram até o empate. A equipa de Roger Schmidt esteve 45 minutos fora do jogo, já que na primeira parte fez apenas um remate, e nem sequer foi enquadrado com a baliza.

Os leões dominaram, criaram algumas oportunidades, embora tenham caído de produção no segundo tempo. Na Luz, o Benfica terá de dar uma resposta diferente, a começar pelo banco.

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O Jogo: Benfica entrou... na segunda parte

Melhor controle de jogo com bola e o resultado. Foi desta forma que Rúben Amorim respondeu ao SAPO Desporto quando questionado sobre as diferenças para este encontro em relação ao da Primeira Liga, que o Sporting perdeu na Luz por 2-1.

De facto, além da inversão do resultado e de desta vez o Sporting ter jogado todo o tempo com os mesmos jogadores do Benfica, pouca coisa mudou: os leões voltaram a ser melhores, os encarnados voltaram a depender das individualidades.

Roger Schmidt tentou replicar a fórmula Portimonense diante do Sporting, repetindo o mesmo onze que bateu os algarvios na Luz no fim de semana para a Liga, sem se preocupar em adaptar-se ao adversário. Os leões vieram com a equipa-tipo da época, embora tenham falhado na decisão nos último terço em vários momentos.

No Benfica está a nascer a maldição do lateral esquerdo. Os benfiquistas vão vendo Alex Grimaldo espalhar classe no Bayer Leverkusen, -  líder da Bundesliga e único clube dos big-5 sem derrotas esta época,  - e vão suspirando pelo dia em que irá aterrar na Luz um novo Grimaldo. As soluções tentadas por Roger Schmidt nesse lado da defesa vão falhando, ora no plano ofensivo, ora no plano defensivo.

Percebendo isso, o Sporting canalizou a maior parte dos seus ataques pelo lado esquerdo encarnado, com Geny Catamo e Marcus Edwards a colocarem Aursnes em apuros. Curiosamente, o primeiro golo leonino nasceria desse lado, mas não dessa dupla. Foi Hjulmand quem cruzou para Pedro Gonçalves, sozinho ao segundo poste, cabecear para o fundo das redes, logo aos nove minutos.

Para Schmidt, o problema era individual, embora na verdade seja algo mais coletivo. Trocou Bah, lateral direito, por Morato, central que joga a lateral esquerdo, mandou Aursnes para lateral direito e colocou em campo um jogador que defende melhor. Verdade seja dita, o Benfica cresceu por esse corredor, a nível ofensivo, e criou de lá dois golos, um deles finalizado por... Aursnes, a centro de Di Maria, e outro marcado pelo próprio Di Maria, anulado pelo VAR por fora de jogo de Tengstedt.

Por esta altura já o Benfica tinha crescido com a entrada do jovem avançado dinamarquês porque os encarnados passaram a ter um jogador a fixar os centrais leoninos, dando espaços para o aparecimento de Di Maria. Kokcu cresceu também no jogo. E também porque o Sporting estava a perder muitas bolas no ataque por querer acelerar sempre o jogo, quando podia ter pausado e saído com mais critério.

A vitória magra é também culpa do Sporting. Quando Gyokeres fez o 2-0 aos 54 minutos, após trocar as voltas a Otamendi (destaque para o fantástico passe de trivela de Geny Catamo, em profundidade, para o sueco), os quase 46 mil adeptos passaram a sonhar com um resultado histórico. E das bancadas vieram 'olés' momentâneos.

Se é verdade que o possante avançado dá muito trabalho - António Silva teve muitas dificuldades em para-lo - também é verdade que desperdiça muitos ataques da equipa por querer resolver tudo sozinho. Gyokeres quer sempre levar tudo à frente e, às vezes, bastava pausar, levantar a cabeça e encontrar um colega em melhor posição.

Polémicas: dois golos anulados e um penálti não dado

Não foi um jogo fácil para a equipa de arbitragem, liderada por Fábio Veríssimo. Aos oito minutos, o Sporting pediu penálti por toque de João Neves sobre Pedro Gonçalves na área encarnada, mas o juiz mandou o avançado leonino levantar (o VAR entendeu também que não havia falta), logo aos oito minutos. Mostrou amarelo para Di Maria em lance com Matheus Reis, os leões pediam cartão vermelho. Marcou penálti aos 47 sobre Marcus Edwards que depois anulou após conversa com o VAR.

Houve dois golos anulados. O de Di Maria, que daria o 2-2, o juiz entendeu que Tengstedt, em posição irregular, estava a tapar a visão de Franco Israel, aos 71 minutos. O mesmo juízo foi feito aos 90+3, no golaço anulado a Nuno Santos: Paulinho estava em fora de jogo no início do livre depois de ter sido ligeiramente empurrado por um defensor.

Momento-chave: VAR acaba com crescimento do Benfica

O crescimento do Benfica em jogo passava pelo lado esquerdo, onde Di Maria dava finalmente nas vistas. Aos 71 minutos, trabalhou com Kokcu nesse lado, recebeu do neerlandês e rematou de trivela, dentro da área para o que seria o 2-2. O árbitro Fábio Veríssimo entendeu que Tengstedt estava no ângulo de visão do guarda-redes Franco Israel e anulou o golo, após rever a jogada no monitor. Seria o 2-2.

Os Melhores: Hjulmand incendiou a onda verde e branca

Morten Hjulmand fez uma exibição de gala, na recuperação, pressão e ocupação dos espaços. O Sporting manietou o Benfica a meio-campo, muito por culpa do excelente trabalho do médio, ao lado de Morita. Ganhou quase todas as bolas divididas, e foi preponderante na forma como os leões não deixaram o Benfica jogar.

Alvalade voltou aos grandes jogos e os adeptos deram-lhe um colorido diferente. Ambiente fantástico, desde o início, com cânticos, a empurrar a equipa para a frente e a tentar desestabilizar o Benfica. João Mário que o diga, assobiado sempre que tocava na bola.

Em noite 'não': Problema lateral

Roger Schmidt tem mesmo de arranjar uma solução para a lateral esquerda do Benfica. Esta época, já passaram por lá Jurasek (saiu em janeiro), Morato, David Carreras, Aursnes e o problema continua. Se contra equipas ditas mais pequenas, os da frente vão disfarçando os problemas defensivos, nestes encontros contra adversários de outra valia, sobressaem as dificuldades, até porque muitas vezes o extremo não acompanha o ala contrário, deixando o lateral esquerdo quase sempre em situação de um-contra-um.

Reações: arbitragem no centro das atenções

Roger Schmidt e João Mário questionam golo anulado a Di María: "Foi um golo bonito e limpo"

Amorim diz que "vitória é justa, mas números podiam ter sido diferentes", Coates diz que "um golo é curto"

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