Maior que Nadia Comaneci. Assim é descrita Simone Biles por Mary Lou Retton, ex-atleta norte-americana, a única, a par da ginasta romena (Jogos Olímpicos de 1976), a conseguir prestação perfeita da na ginástica, nos Jogos Olímpicos de 1984.
Ainda antes de começar a 31ª edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, havia apenas uma certeza: A norte-americana Simone Biles seria uma das medalhadas com ouro na ginástica. A dúvida era saber quantos: cinco é número que se lhe aponta.
Simone Biles, de 19 anos, chegou ao Rio de janeiro para disputar as suas primeiras olimpíadas. Há quatro anos, em Londres, foi impedida de participar por ter apenas 15 anos. De lá para cá tem vindo a dominar a ginástica mundial como ninguém. Tricampeã do Mundo (2013,2014 e 2015), Simone Biles colecionou dez medalhas de ouro nos últimos três anos, num total de 14 medalhas (mais duas de prata e duas de bronze).
Esta terça-feira, esta pequena ginasta de apenas 1,45 metros ajudou os EUA a conquistar o ouro por equipas, numa prova onde não deram hipóteses à China e Rússia, as outras superpotências da modalidade. A equipa norte-americana conseguiu 185.238 pontos, 10 mil a mais do que China e Rússia.
Com a chegada do primeiro ouro, Biles prepara-se para atacar mais quatro: individual, no salto, na trave e no solo. Se conseguir, irá suplantar Nadia Comaneci, que nos Jogos de Montreal, em 1976, conseguiu três medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze.
Mas não é só o vencer que a torna especial. É a diferença que estabelece para as adversárias que torna Simone Biles quase imbatível. Tem capacidades tão impressionantes que já criou um movimento com o nome dela: dois mortais e uma meia volta no solo, um movimento que foi executado pela primeira vez em 2013, quando ninguém o tinha tentado. A acrobacia já tem nome: “The Biles”.
Rendido a ginasta americana, o jornal ´El País` diz que o aparecimento de Simone Biles "deixou este desporto sem o aliciante de qualquer modalidade", que é "a possibilidade de ganhar, ou, pelo menos, de o tentar".
Nastia Liukin, campeã olímpica em Pequim2008, explicou ao ´The New York Times`, que "a diferença entre o primeiro e o segundo lugar é, normalmente, de três décimos, cinco décimos, e ela [Simone Biles] chega e ganha com uma diferença de um ou dois pontos. Ninguém está sequer perto [da qualidade] dela", sublinha Liukin.
Mas a sua vida está longe de ser um ´mar de rosas`. Abandonada pela mãe que tinha problemas com drogas e álcool, ela foi adotada pelos avós.
Tudo começou quando Simone Biles tinha seis anos. Uma visita de estudo a um rancho, no Texas, teve de ser desviada para um ginásio devido ao calor. Biles ficou logo apaixonada pela modalidade. Foi ´descoberta` por Aimee Boorman, a treinadora que está com ela até hoje. Boorman percebeu que tinha em mãos alguém com muito talento. Os avós de Biles, que sempre a apoiaram, investiram na construção de um ginásio, na cidade texana de Spring, onde a atleta e a sua treinadora trabalham.
Mas o crescimento de Biles na ginástica não foi fácil. Sempre exigente consigo própria, Biles nunca lidou bem com a imperfeição. Passava horas a chorar sempre que sentia que não tinha feito determinado exercício como queria. A exigência consigo própria deixava-a nervosa e levava- a falhar algumas vezes. Mais tarde os avós arranjaram-lhe um psicólogo de desporto, que a ajudou a controlar as emoções. De lá para cá, foram só vitórias.
Domina de tal forma a ginástica norte-americana que a sua companheira de equipa, Gabby Douglas, não irá defender o título olímpico conquistado há quatro anos.
Douglas ficou em 3º nos campeonatos norte-americanos, ganhos por Biles, pelo que ficou de fora já que cada país pode ter, no máximo, duas ginastas.
A Atleta feminina com o maior número de medalhas de ouro na história dos Campeonatos Mundiais de ginástica artística prepara-se para sair do Rio de Janeiro carregada de ouro.
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