A precisamente dois anos da cerimónia de abertura Jogos Olímpicos (JO) Tóquio2020, os organizadores finalmente parecem ter dominado a situação após um início confuso, mas a onda de calor de verão pode estragar a festa.

Com condições atmosféricas insustentáveis - entre 35º C e 40º C na sombra e humidade acima dos 80% - a cerimónia que inicia a contagem regressiva para os JO foi realizada nesta terça-feira.

Diante da onda de calor que deixou 80 mortos no arquipélago oriental desde o início de julho, enquanto mais de 35000 pessoas foram hospitalizadas, muitos perguntam se será razoável organizar o evento nesta época do ano.

Em 1965, as Olimpíadas de Tóquio foram disputadas em outubro, mas o Comité Olímpico Internacional (COI) impôs que o torneio fosse disputado entre julho e agosto.

Para as autoridades locais e os organizadores, a questão é uma prioridade.

"As medidas que tomaremos contra o calor vão ser um dos pilares do sucesso dos Jogos Olímpicos de Tóquio", informou na segunda-feira o governador da capital, Yuriko Koike, que compara o verão japonês com a "vida numa sauna".

"Não se pode colocar o calor e o terrorismo no mesmo patamar", mas a sua prevenção "também é importante dado que o objetivo é proteger vidas humanas", insistiu.

Caos no metropolitano?
A maratona suscita especial preocupação, ao ponto de alguns pediram para o trajeto ser levado para a ilha de Hokkaido.

Os organizadores, ainda assim, querem transmitir tranquilidade e oferecem soluções. O trajeto terá asfalto especial que absorve o calor do sol e serão instalados pulverizadores móveis, com o objetivo de prevenir insolações e golpes de calor aos atletas e espetadores. Além disso, várias provas foram mudadas para horários nas primeiras horas da manhã.

Mas o calor não é a única ameaça sob Tóquio2020. Os transportes também são um problema muito relevante, reconheceu recentemente Yoshiro Mori, presidente da comissão organizadora dos Jogos Olímpicos Tóquio2020.

O metro de Tóquio é cheio em horários de picos e corre o risco de ficar paralisado com chegadas dos visitantes. Para evitar o cenário catastrófico de empurrões mortais, os empregados serão incentivados para optarem pelo trabalho remoto, método ainda pouco praticado.

Os escândalos que tinham sacudido o início dos preparativos do evento, com orçamento de mais de 10 mil milhões de euros, parecem esquecidos por enquanto.

No final de 2015, o custo do futuro Estádio Olímpico, cerca de dois mil milhões de euros, tinha provocado indignação da opinião pública e levou o primeiro ministro Shinzo Abe a abandonar o projeto inicial, aumentando o temor por atrasos.

A preocupação diluiu-se e o novo local já está 40% pronto e desenhado para encarar um verão intenso, com ventiladores, salas climatizadas e arquitetura que favorece a circulação do vento.

A construção das outras sedes também avança em boa direção. Uma delas já está terminada e recebeu diversos eventos desportivos.

Entusiasmo
Sobre a comunicação, os organizadores, que precisaram de mudar o logótipo após acusações de plágio, não cometeram o mesmo erro com as mascotes. Os alunos japoneses votaram e batizaram os personagens como "Miraitowa" e "Someity".

O caminho da tocha olímpica também foi revelado, saindo desde Fukushima para os Jogos "de resiliência e recuperação", segundo Masayoshi Yoshino, ministro da Reconstrução, sete anos depois do tsunami e da catástrofe nuclear de março de 2011.

Ainda é necessário recrutar mais de 100 mil voluntários. Os organizadores advertiram que devem estar "emocional e mentalmente preparados" para um trabalho duro.

Quanto mais o evento se aproxima, mais a excitação aumenta entre os atletas japoneses. "Existe um enorme trabalho por fazer nos próximos dois anos", revela o nadador Daiya Seto, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Rio2016.

"Tenho uma oportunidade incrível de participar nos jogos do Japão, tenho a intenção de aproveitar esta chance", acrescenta, colocando o objetivo do ouro, que "teria ainda mais valor em Tóquio".