Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar ‘empurraram’ hoje o estatuto de principal favorito à vitória na 110.ª Volta a França em bicicleta entre si, com nenhum dos dois ciclistas a querer ‘ficar’ com o estatuto de candidato número um.

“Posso dizer a mesma coisa”, respondeu o campeão em título a Pogacar, pouco depois do bicampeão do Tour (2020 e 2021) ter ‘atirado’ para o dinamarquês da Jumbo-Visma a condição de principal favorito a vestir a amarela em 23 de julho, em Paris.

Esta troca de ‘cumprimentos’ entre Vingegaard, campeão em 2022 e ‘vice’ em 2021, e o líder da UAE Emirates aconteceu nas conferências de imprensa prévias ao ‘Grand Départ’ do Tour, que acontece no sábado, em Bilbau (Espanha).

“Na realidade, pouco importa quem é o favorito, será o mais forte a ganhar no final”, argumentou o dinamarquês de 26 anos, ladeado pelos colegas Wout Van Aert, a ‘estrela’ da passada ‘Grande Boucle’, e Christophe Laporte.

Apesar de o seu estatuto se ter alterado – passou de perseguidor a perseguido -, o chefe de fila da Jumbo-Visma considera que nada mudou, uma vez que o seu objetivo continua a ser lutar pela vitória.

“Inevitavelmente, ganhar o Tour mudou a minha vida, mas eu não mudei”, completou o discreto corredor.

Menos habituado a lidar com a pressão do que o seu arquirrival, Vingegaard confessou-se preparado para os ataques do impulsivo ‘Pogi’, mas também para estar concentrado apenas em si, sem entrar nos ‘jogos’ do esloveno, que ainda este fim de semana, durante os Nacionais da Eslovénia, em que conquistou os títulos de campeão de fundo e de ‘crono’, ‘empurrou’ o favoritismo para o dorsal número 1.

“Sinto-me bem, estou preparado. Estou onde queria estar, veremos nas próximas três semanas se é suficiente”, concluiu o corredor da Jumbo-Visma.

Pouco antes, Pogacar tinha ‘aberto as hostilidades’ na sua conferência de imprensa, com uma frase clara: “O meu objetivo é ganhar o Tour, mesmo que o Jonas seja o favorito”.

O esloveno de 24 anos, que procura o terceiro cetro na Volta a França mas também o recorde de vitórias na classificação da juventude (tem atualmente três, tantas como Jan Ullrich e Andy Schleck), notou que o seu grande adversário esteve dominante no Critério do Dauphiné – que venceu -, apesar de alegar que não estava no seu melhor nível.

“Imagine-se o que pode acontecer no Tour”, alertou.

O líder da UAE Emirates falou ainda sobre a sua condição física, depois de ter estado dois meses afastado da competição devido a uma queda na Liège-Bastogne-Liège, na qual sofreu fraturas no escafoide esquerdo e no osso semilunar.

“Sinto-me bem na bicicleta, o pulso está bem, apesar de ainda não ter recuperado completamente a mobilidade. Os exames que fiz na segunda-feira demonstraram que dois dos três ossos fraturados recuperaram totalmente. O terceiro demora um pouco mais de tempo a consolidar, mas isso não afeta em nada o meu treino, não tenho dores”, garantiu.

Pogacar disse ainda que as suas pernas “estão boas e a parte mental ainda melhor”.

“Espero estar preparado. Aprendi muito no ano passado, em que o Jonas foi mais forte em alguns momentos da corrida”, recordou, numa referência aos erros estratégicos que cometeu, nomeadamente ao desgastar-se a atacar e a responder a ataques inofensivos, e que em muito ‘ajudaram’ à vitória final de Vingegaard.

O esloveno considerou que a UAE Emirates tem “uma equipa muito forte este ano, todos estão em grande forma” e defendeu que é bom que o britânico Adam Yates seja “o plano B”, uma vez que ainda não está totalmente recuperado.

A 110.ª Volta a França arranca no sábado em Bilbau (Espanha), com os portugueses Nelson Oliveira e Ruben Guerreiro (Movistar) e Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) entre os 176 ciclistas participantes, e termina em 23 de julho em Paris, com os Campos Elísios a testemunharem a ‘coroação’ do sucessor de Jonas Vingegaard.