Aos 32 anos e depois de algum tempo como jogadora, a professora do ensino especial Ana Ribeiro é atualmente a única mulher, entre 150 homens, a arbitrar jogos das competições portuguesas de futsal.
Para poder continuar a arbitrar, Ana Ribeiro foi recentemente “obrigada” a alterar o seu percurso profissional que, ao longo de 10 anos, se desenvolveu na Academia do Sporting, em Alcochete.«Durante 10 anos, trabalhei na Academia do Sporting, na área do apoio psicopedagógico de acompanhamento aos residentes», conta a licenciada em animação cultural e educação comunitária.
Colocada perante a incompatibilidade de os árbitros exercerem funções em Sociedades Anónimas Desportivas (SAD) não teve dúvidas: deixou de trabalhar para o Sporting: «Comecei a tempo inteiro numa escola profissional, em Arruda dos Vinhos, onde já trabalhava parcialmente, para poder continuar na arbitragem, sou a única mulher, não quis baixar os braços», explicou.
A jogadora Ana Ribeiro deixou a competição em 1999, depois de uma lesão, e desde então percebeu que a arbitragem «era a melhor maneira de continuar ligada à modalidade». Em 2011, tornou-se na primeira mulher a subir à terceira divisão da arbitragem portuguesa de futsal, «uma modalidade em franco crescimento e na qual a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) está a apostar».
Mais de uma década na arbitragem, primeiro a nível distrital e agora nacional, levam–na a admitir que «não é fácil lutar contra o estigma de que a arbitragem é só para homens», mas também a assegurar que «vale a pena». «Não me sinto mal, porque a FPF me dá todo o apoio e estou numa área que adoro», garantiu, admitindo que a paixão pela arbitragem «ocupa muito tempo e a obriga a abdicar de muita coisa».
Ana Ribeiro quer chegar mais longe no futsal e «subir de escalão», mas está consciente das dificuldades que poderá encontrar e do trabalho feito até aqui: «Para conseguir ter a reputação que tenho foi preciso trabalhar muito». A única árbitra portuguesa das competições nacionais admite que gostaria de ver mais mulheres a apostarem na carreira, mas reconhece que existem dificuldades.
«O ideal seria que mais mulheres apostassem nesta carreira, mas não é fácil conciliar com outras coisas e depois há a imagem social do árbitro», admitiu.
Ana Ribeiro reconheceu que o sentimento de alguma «insegurança» numa modalidade como o futsal «muito emotiva, rápida e jogada em espaços fechados e reduzidos», vem sobretudo das bancadas e … de onde menos se espera: «sobretudo das mulheres, são piores do que os homens».
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