Cinco dos 11 convocados da seleção nos mundiais de canoagem são o exemplo do sucesso na gestão da carreira desportiva e académica, com desempenhos de destaque internacionalmente e virtuosismo nos estudos.

Os futuros médicos Francisca Laia e Nuno Silva, o próximo especialista em Tecnologias de Informação Geográfica David Varela e a vindoura profissional de Ciências do Desporto Márcia Aldeias são os exemplos de um grupo que já tem Teresa Portela formada em fisioterapia e que agora está a cursar osteopatia.

"Acho que é possível. Há cinco anos que o faço e continuo a ter resultados nos dois lados. Basta ter força de vontade e querer realmente. Sem a típica mentalidade portuguesa do ‘vamo-nos queixar e pode ser que as coisas caiam do céu', mas a trabalhar a sério pelas duas coisas", disse à Lusa Francisca Laia.

A estudante do sexto ano de medicina em Coimbra assume que "se calhar não vai haver média de 20", pois não se dedica em exclusivo ao estudo, mas recorda que tem "crescido muito mais" como individua pelo desafio de conjugar as duas vertentes.

"A taxa de abandono desportivo deve ser de mais de 50 por cento dos atletas que entram na faculdade e acham que não é possível. Às vezes, é problema cultural, até dos pais, que, em caso de notas ‘insuficientes', ameaçam que não deixam os filhos ir treinar. Com essa mentalidade o desporto português não evoluirá", complementa, desafiando os responsáveis políticos a criar "uma verdadeira política de apoio no pós-carreira aos atletas de alta competição".

Nuno Silva é seu colega de turma desde sempre e com o mesmo sucesso, numa "gestão feita com paixão": "Sempre foi um desafio para mim fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Objetivo proposto já no ensino secundário. Gostava de continuar na alta competição e não queria ser mais um daqueles atletas que utiliza o estatuto para entrar num bom curso e depois abdicar do desporto".

"Sempre fui contra isso. Quero continuar a fazer, bem, as duas coisas. É muito desafiante, mas conto com o apoio da família e amigos para concluir o curso e continuar na alta competição", completou.

Teresa Portela diz mesmo que estudar e cumprir com as regras da alta competição em simultâneo a ajuda a estar "mais focada e obter melhor desempenho em ambas as áreas".

"Comparando com os períodos em que estive dedicada apenas à canoagem, sinto-me bem melhor neste registo", afiança.

Por sua vez, David Varela assume que "é difícil, mas não impossível conjugar estudos e vida académica", confessando que o tempo de descanso é menor, pelo que precisa de o fazer com maior qualidade.

"Conjugar os horários nem sempre é fácil. Neste momento, o desporto é o meu trabalho. Mas não esqueço os estudos, pois tenho de pensar mais à frente, além da minha carreira na canoagem", completou.

Márcia Aldeias revela que foi "muito complicado" o primeiro ano na faculdade de Coimbra, admitindo que demorou a apanhar o ritmo.

"Foi uma mudança muito radical na minha vida, mas no segundo semestre as coisas correram melhor, pois também tive a ajuda de colegas e professores, uma vez que acabei por ir a menos aulas", concluiu.

A seleção portuguesa de canoagem, que hoje chega ao Porto às 15:10, regressa da República Checa com duas medalhas, a de ouro em K1 5000 e a de prata em K1 1000, ambas obtidas por Fernando Pimenta, que tem congelada a matrícula no ensino superior.

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